quarta-feira, maio 31, 2006

Noites




Mais um presente do meu amigo Frog , autor do livro "Gotas de luz", onde foi publicado este poema.
Partilho com todos os que por aqui passarem, para que o sonho volte à ronda dos segredos.
Obrigada, Frog.



Quando a noite se torna mais escura
Como tela sombria a negro impressa
Venha o sonho que vier, tem mais altura
A sombra em que às vezes se tropeça.

E a sombra teimosa e negra permanece
Tão viva, tão espessa, tão presente
Que o sonho que sonhamos só acontece
Na medida em que a sombra o consente.

Rasgue-se a noite num grito agudo
Num claro rumor que afaste os medos
Que dissipe a sombra, o negro e tudo
E o sonho voltará à ronda dos segredos.


Albino Santos Oliveira

domingo, maio 28, 2006

As noites


Imagem daqui


Nas noites insones temos ocos aparelhos
Para passar de novo os velhos filmes
Nas paredes brancas da cabeça.

Mas há sempre uma bobina que se troca
Uma fada perdida numa cena muda
Um silêncio que dói numa cascata.

A matéria eterna geme sem controlo
O caos vocabular não se detém
A boca mal respira o próprio eco.

Lá fora estão os nomes e nós no grito
Da extensa narrração dos seus sinais
Fermentando fiéis mais infinito.


Armando Silva Carvalho

domingo, maio 21, 2006

Amor é o olhar total






Amor é o olhar total, que nunca pode
ser cantado nos poemas ou na música,
porque é tão-só próprio e bastante,
em si mesmo absoluto táctil,
que me cega, como a chuva cai
na minha cara, de faces nuas,
oferecidas sempre à àgua.



Fiama Hasse Pais Brandão

terça-feira, maio 16, 2006

Seria o amor português


Foto de Pedro Innocente aqui



Muitas vezes te esperei, perdi a conta,
longas manhãs te esperei tremendo
no patamar dos olhos. Que me importa
que batam à porta, façam chegar
jornais, ou cartas, de amizade um pouco
- tanto pó sobre os móveis tua ausência.

Se não és tu, que me pode importar?
Alguém bate, insiste através da madeira,
que me importa que batam à porta,
a solidão é uma espinha
insidiosamente alojada na garganta.
Um pássaro morto no jardim com neve.

Nada me importa; mas tu enfim me importas.
Importa , por exemplo, no sedoso
cabelo poisar estes lábios aflitos.
Por exemplo: destruir o silêncio.
Abrir certas eclusas, chover em certos campos.
Importa saber da importância
que há na simplicidade final do amor.

Comunicar esse amor. Fertilizá-lo.
"Que me importa que batam à porta..."
Sair de trás da própria porta, buscar
no amor a reconciliação com o mundo.

Longas manhãs te esperei, perdi a conta.
Ainda bem que esperei longas manhãs
e lhes perdi a conta, pois é como se
no dia em que eu abrir a porta
do teu amor tudo seja novo,
um homem uma mulher juntos pelas formosas
inexplicáveis circunstâncias da vida.

Que me importa, agora que me importas,
que batam , se não és tu, á porta?



Fernando Assis Pacheco

quinta-feira, maio 11, 2006

Marrocos

A diversidade de um país descoberta em poucos dias
















Chefchaouen
















Floresta de Cedros em Azrou
















Merzouga
















Duna Erg Chebbi
















Desfiladeiro Todra















Ait- Behnaddou















Marraquexe















Asilah
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