domingo, agosto 26, 2007

Praia do Tofo - Inhambane


Durante as próximas semanas, estarei... aqui .

Vou ao encontro do azul morno e transparente de outro mar, da música do vento nos coqueiros, do silêncio das longas noites estreladas. Vou ao encontro de mim mesma e da ternura de quem me abre as portas do Índico.
Obrigada, Alex, por me receberes e me mostrares que a vida tem sentido quando lutamos pelos nossos ideais. Obrigada, Jorge, por me dares asas para voar até lá.
A todos os que passarem na minha encosta, desejo que o Verão se despeça com dias felizes.
Até breve.


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domingo, agosto 19, 2007

Sobre o poema

Foto de Bill Kane


Um poema cresce inseguramente
na confusão da carne,
sobe ainda sem palavras, só ferocidade e gosto,
talvez como sangue
ou sombra de sangue pelos canais do ser.

Fora existe o mundo. Fora, a esplêndida violência
ou os bagos de uva de onde nascem
as raízes minúsculas do sol.
Fora, os corpos genuínos e inalteráveis
do nosso amor,
os rios, a grande paz exterior das coisas,
as folhas dormindo o silêncio,
as sementes à beira do vento,
- a hora teatral da posse.
E o poema cresce tomando tudo em seu regaço.

E já nenhum poder destrói o poema.
Insustentável, único,
invade as órbitas, a face amorfa das paredes,
a miséria dos minutos,
a força sustida das coisas,
a redonda e livre harmonia do mundo.

- Embaixo o instrumento perplexo ignora
a espinha do mistério.

- E o poema faz-se contra o tempo e a carne.



Herberto Helder



Para a Isabel que me distinguiu com o prémio Blog Cinco Estrelas. A Encosta do Mar é feita de escolhas e todas as estrelas são devidas, apenas, aos poetas que me emprestam as palavras.
Obrigada, Isabel, por esta distinção e pela amizade demonstrada nos teus comentários.


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sexta-feira, agosto 17, 2007

Asas



Abro as asas neste vento. Encho o peito de maresia e a alma de liberdade. Só aqui... só mesmo aqui! Sou gaivota a despertar.

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quarta-feira, agosto 01, 2007

Como as espigas




Finalmente (embora
saibas que não há
nem fim nem princípio) :
deves dizer ainda
que há uma rosa de espuma
no teu peito e que
o seu perfume
não se esgota. E que lá
também existe
uma fonte onde bebem
as flores silvestres. Mas não
humildes, como ias
chamar-lhes : altas
como as espigas
do vento, que no vento
se esquecem e que no vento
amadurecem.



Albano Martins



Estarei ausente da Encosta durante alguns dias. Deixo a porta aberta... espero não me demorar.

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