domingo, dezembro 30, 2007

Winter Solstice

Obrigada por terem estado comigo em 2007.

Feliz 2008

sábado, dezembro 22, 2007

Hark! The Herald Angels Sing

Estarei ausente durante alguns dias.
Para todos os que passam na Encosta do Mar, os meus votos de

FELIZ NATAL

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quarta-feira, dezembro 19, 2007

Receita para um Natal


Primeiro, ficar parado
durante um momento, de pé
ou sentado, numa sala ou mesmo
noutra dependência do lar.
Depois preparar
os olhos, as mãos, a memória
e outros utensílios indispensáveis. A seguir
começar a reunir
coisas, por ordem bem do interior
do coração e do pensamento:
a ternura dos avós, uma mancheia;
rostos de primos distantes, uma pitada;
sons de sinos ao longe, quanto baste;
a recordação de uma rua, uns bocadinhos;
um velho livro de quadradinhos,
duas angústias mais tardias, alguns restos de azevias,
a lembrança de vizinhos ainda vivos mas ausentes
e de uns já passados.
Quatro beijos de seres amados ou de parentes,
um cachecol de boa lã cinzenta aos quadrados
e um pouco de azeite puro e fresco
igual ao que a mãe usava noutro tempo saudoso.
Mexe-se bem, leva-se ao forno
e fica pronto e saboroso
- mesmo que , nostálgica, se solte uma pequena lágrima.


Nicolau Saião

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domingo, dezembro 16, 2007

nem sempre as palavras chegam



encosto o ouvido
às páginas do livro que nunca escreveste
e sei que és um búzio
ao
anoitecer

mando-te mil recados pelas lâminas do vento
da tua boca brota uma fonte
digo amo-te e às vezes a memória
é onde os pássaros não voam

nem sempre as palavras chegam
para levar as estrelas aos teus olhos

nem eu sei dizer o teu nome



Poema e pintura de Maria Azenha
(retirados do blog Arde o azul )

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quarta-feira, dezembro 12, 2007

Dedicatória

Foto de João Pedro aqui



Quando me tiveres apagado, morto ou só feito
da matéria da memória, dança uma dança por nada
e debruça em arco o teu corpo, sobre o poço da morte
sobre o corpo dividido e espalhado pela última praia.


Manuel Gusmão
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terça-feira, dezembro 11, 2007

Como posso eu amar-te...

Magritte


Como posso eu amar-te, se nem sei
como à porta te chamam os vizinhos,
nem visitei a rua onde nasceste,
nem a tua memória confessei.
Que vaga rima me permite agora
desenhar-te de rosto e corpo inteiro
se só na tua pele é verdadeiro
o lume que na língua se demora...
Não deixes que se enganem os recados
na infernal gazeta publicados
que te dão já por escultura minha;
nocturno frankenstein, em vão soprei
trompas de criação, e foste tu
quem me criou a mim quando quiseste.




António Franco Alexandre
(in Duende)

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sábado, dezembro 08, 2007

Desafio

A O'Sanji do Plano(a)lto desafiou-me. Como é que eu podia dizer não?

Regras:
1- Pegar num livro próximo ( PRÓXIMO, não procure)
2- Abrir na página 161
3- Procurar a 5ª frase completa
4- Postar essa frase no seu blog
5- Não escolher a melhor frase, nem o melhor livro
6- Repassar para outros 5 blogs.

Abri um dos livros que estou a ler

O Sonho mais Doce
Autora - Doris Lessing




Na página 161, é esta a 5ª frase...
Desta vez chorou um pouco, com grandes soluços, como os de uma criança.

Passo a :

Barlavento

Brancamar

Laramablog

O Cheiro da Ilha

Poeta eu sou

Obrigada pelas vossas respostas, se quiserem aceitar o desafio.

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quinta-feira, dezembro 06, 2007

Café Orfeu



Nunca tinha caído
de tamanha altura em mim
antes de ter subido
às alturas do teu sorriso.
Regressava do teu sorriso
como de uma súbita ausência
ou como se tivesse lá ficado
e outro é que tivesse regressado.
Fora do teu sorriso
a minha vida parecia
a vida de outra pessoa
que fora de mim a vivia.
E a que eu regressava lentamente
como se antes do teu sorriso
alguém (eu provavelmente)
nunca tivesse existido.



Manuel António Pina
(in Um Sítio Onde Pousar a Cabeça)


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segunda-feira, dezembro 03, 2007

Prémio Escritores da Liberdade



Agradeço à Helena da Linha de Cabotagem a atribuição deste prémio. Vindo de quem vem, é uma honra poder dar-lhe continuidade.

A liberdade é um valor tão elevado que nunca me atreveria a usar as minhas pequenas palavras para dela falar . A Encosta do Mar é um blog de escolhas e de palavras alheias. Deixo ficar um poema de que muito gosto, na esperança de que esta partilha vos agrade.



Letra para um hino

É possível falar sem um nó na garganta
é possível amar sem que venham proibir
é possível correr sem que seja para fugir.
Se tens vontade de cantar não tenhas medo: canta.

É possível andar sem ser a olhar para o chão
é possível viver sem que seja de rastos.
Os teus olhos nasceram para olhar os astros
se te apetece dizer não, grita comigo: não.

É possível viver de outro modo.
É possível transformares em arma a tua mão.
É possível o amor. É possível o pão.
É possível viver de pé.

Não te deixes murchar.Não deixes que te domem.
É possível viver sem fingir que se vive.
É possível ser homem.
É possível ser livre livre livre.



Manuel Alegre


Sintam-se livres de aceitar, ou não, este desafio.


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