sábado, março 29, 2008

Palau Güell





O Palau Güell foi das primeiras obras projectadas por Gaudí . Fica situado numa das ruas estreitas do centro da cidade, muito próximo das Ramblas, e era a residência urbana de Eusebi Güell. Na fachada de pedra branca , há duas enormes portas de arcos parabólicos, gradeadas com ferro forjado, por onde entravam as carruagens.
Devido à enorme afluência de visitantes, no dia em que fui apenas era permitida a entrada no rez-do-chão e na cave, onde se situavam as antigas cavalariças.
Perdi assim a oportunidade de ver os outros andares do palácio, e, em especial, as magníficas chaminés recobertas de azulejos coloridos, que se encontram no terraço.
É o que acontece a quem não sabe escolher a melhor altura para viajar :-(
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"Per ser feliç, mortal, camina sempre e oblida"
Joan Brossa
(poeta catalão)
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terça-feira, março 25, 2008

Regressando




Como eu devia ter previsto, Barcelona estava inundada de turistas, o que não é nada bom quando se quer ver muito em pouco tempo.
Mas recebeu-me com folhas novas nas árvores e um céu sempre azul.
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Quando puder, virei aqui deixar algumas memórias das cores dos dias.
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quarta-feira, março 19, 2008

Barcelona



Decidi que, durante os próximos dias, me vou perder por aqui.
A culpa é da Helena do blog Linha de Cabotagem . Os relatos da viagem que fez a Barcelona, em Novembro passado, foram um incitamento à minha partida.
A visita vai ser breve, mas voltarei com os olhos cheios das cores de Miró e das linhas curvas de Gaudí.

Deixo ficar , para todos, os meus votos de uma boa Páscoa, e que a Primavera chegue iluminada pelo brilho da Poesia.
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domingo, março 16, 2008

Se me puderes ouvir

Foto Denis Olivier



O poder ainda puro das tuas mãos
é mesmo agora o que mais me comove
descobrem devagar um destino que passa
e não passa por aqui
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à mesa do café trocamos palavras
que trazem harmonias
tantas vezes negadas:
aquilo que nem ao vento sequer
segredamos
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mas se hoje me puderes ouvir
recomeça, medita numa viagem longa
ou num amor
talvez o mais belo


José Tolentino Mendonça
(in Baldios)

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quinta-feira, março 13, 2008

Recordo-te




recordo-te a respirar ali
a casa no silêncio
o silêncio em ti
tu em mim
e depois não me lembro de mais nada


Sarah Adamopoulos

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segunda-feira, março 10, 2008

Não há outro caminho


Os poemas podem ser desolados
como uma carta devolvida,
por abrir. E podem ser o contrário
disso. A sua verdadeira consequência
raramente nos é revelada. Quando,
a meio de uma tarde indistinta, ou então
à noite, depois dos trabalhos do dia,
a poesia acomete o pensamento, nós
ficamos de repente mais separados
das coisas, mais sozinhos com as nossas
obsessões. E não sabemos quem poderá
acolher-nos nessa estranha, intranquila
condição. Haverá quem nos diga, no fim
de tudo : eu conheço-te e senti a tua falta?
Não sabemos. Mas escrevemos, ainda
assim. Regressamos a essa solidão
com que esperamos merecer, imagine-se,
a companhia de outra solidão. Escrevemos,
regressamos. Não há outro caminho.



Rui Pires Cabral
(in Longe da aldeia)

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terça-feira, março 04, 2008

Deixa-me levar-te ao meu mar

Foto de Sophie Thouvenin


Deixa-me levar-te ao meu mar
mesmo que só te chegue o ruído súbito de uma mota
ou o meu escandaloso tédio
deixa...
que te leve notícias ocultas
nas minhas gaguejadas palavras
que procure a paisagem mais exuberante
e que te as leve entre os meus dentes
para que as espalhes na húmida tenacidade
dos dedos
quando se transformam em pétalas


Luísa Ribeiro


(... Ler mais poemas , no blog Um Abismo)

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sábado, março 01, 2008

Estrelas de Março



Longe vem ainda a sementeira. Surgem
os primeiros campos à chuva e estrelas de Março.
O universo ajusta-se à fórmula
de pensamentos estéreis, a exemplo
da luz que não toca a neve.

Haverá também pó sob a neve
e o que não se desfez servirá depois
de alimento ao pó. Oh vento a erguer-se!
Arados rasgam de novo as trevas.
Os dias querem alongar-se.

Nos dias longos semeiam-nos, sem nos perguntar,
naqueles sulcos tortos e direitos,
e as estrelas retiram-se. Nos campos
crescemos ou morremos ao deus-dará,
obedientes à chuva e por fim também à luz.



Ingeborg Bachmann
(in O Tempo Aprazado)
tradução de João Barrento
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