sexta-feira, setembro 07, 2012

Já a luz se apagou do chão do mundo

Foto de Roeselien Raimond


Já a luz se apagou do chão do mundo,
deixei de ser mortal a noite inteira ;
ofensa grave a minha, que tentei
misturar-me aos duendes na floresta.
De máscara perfeita, e corpo ausente,
a todos enganei, e ninguém nunca
saberia que ainda permaneço
deste lado do tempo onde sou gente.
Não fora o gesto humano de querer-te
como quem, tendo sede, vê na água
o reflexo da mão que a oferece,
seria folha de árvore ou sério gnomo
absorto no silêncio de uma rima
onde a morte cessasse para sempre.


António Franco Alexandre
(in Duende )



1 Comments:

Blogger musicaquatica said...

"Não fora o gesto humano de querer-te
como quem, tendo sede, vê na água
o reflexo da mão que a oferece"

... perfeito e belo!

9:30 da tarde  

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