sábado, setembro 22, 2012

Ondulação

Foto de Karchmarsky



O luar ondula
fluindo e refluindo
para não acabar a maré cheia
nesta praia onde
ponderável eu me encontro indo
- o pensamento em rumos ignorados
e ao sabor dos presságios ...

Em breve, à minha volta no areal,
esperanças, de branco, vaporosas,
chorando alto naufrágios
à vista da magia de seus mundos,
com suas lágrimas,
quais enxadas na terra, poderosas,
cavarão sulcos fundos.

E elas ali se hão-de enterrar
quando o luar fugir ...
Mas com elas enterrarei os meus insultos
à minha nobre angústia de vibrar,
à minha vã desgraça de sentir !



Edmundo de Bettencourt
(in Poemas de Edmundo de Bettencourt)

4 Comments:

Blogger musicaquatica said...

... sentir. a razão antes da razão própria. a verdade primeira. a que existe no fundo de nós. por isso no sentir se sofre (e não no pensar).

obrigada pela partilha,

bj

isabel

7:32 da tarde  
Blogger Mar Arável said...

Há dias assim

com mares desgrenhados

11:33 da manhã  
Blogger . intemporal . said...

.

.

. o luar é por si só ondulante .

.

.

11:55 da manhã  
Blogger A.S. said...

O luar entende sempre o nosso coração!...

Beijos!

3:47 da tarde  

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