sexta-feira, março 18, 2005

Paraíso

.
Deixa ficar comigo a madrugada,
para que a luz do sol me não constranja.
Numa taça de sombra estilhaçada,
deita sumo de lua e de laranja.

Arranja uma pianola, um disco, um posto,
onde eu ouça o estertor de uma gaivota...
Crepite, em derredor, o mar de Agosto...
E o outro cheiro, o teu, à minha volta!

Depois, podes partir. Só te aconselho
que acendas, para tudo ser perfeito,
à cabeceira a luz do teu joelho,
entre os lençóis o lume do teu peito.

Podes partir. De nada mais preciso
para a minha ilusão do Paraíso.


David Mourão Ferreira

3 Comments:

Blogger mdm said...

Acho que foi dos primeiros poemas da policromia e como "não posso" repetir foi um presente de Sexta-Feira fantástico!!!
Que bem que me soube encontrá-lo aqui de manhã!

9:40 da manhã  
Blogger Daniel Aladiah said...

Querida Ana
Sempre bom aquela melancolia do David...
Um beijo
Daniel

3:30 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Também estas sensações nos salvam do vazio... Lindo este poema, excelente fotografia.

beijinhos Ana
vento

5:16 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home