domingo, março 13, 2005

Ode à Paz

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Pela verdade, pelo riso, pela luz, pela beleza,
Pelas aves que voam no olhar de uma criança,
Pela limpeza do vento, pelos actos de pureza,
Pela alegria, pelo vinho, pela música, pela dança,
Pela branda melodia do rumor dos regatos,
Pelo fulgor do estio, pelo azul do claro dia,
Pelas flores que esmaltam os campos, pelo sossego dos pastos,
Pela exactidão das rosas, pela Sabedoria,
Pelas pérolas que gotejam dos olhos dos amantes,
Pelos prodígios que são verdadeiros nos sonhos,
Pelo amor, pela liberdade, pelas coisas radiantes,
Pelos aromas maduros de suaves outonos,
Pela futura manhã dos grandes transparentes,
Pelas entranhas maternas e fecundas da terra,
Pelas lágrimas das mães a quem nuvens sangrentas
Arrebatam os filhos para a torpeza da guerra,
Eu te conjuro ó paz, eu te invoco ó benigna,
Ó Santa, ó talismã contra a indústria feroz,
Com tuas mãos que abatem as bandeiras da ira,
Com o teu esconjuro da bomba e do algoz,
Abre as portas da História,
Deixa passar a Vida!

Natália Correia

4 Comments:

Blogger hfm said...

Belíssimo este e o Picasso.

1:08 da tarde  
Blogger Duarte said...

O poema é soberbo. Curiosamente ouvi falar de Natália Correia esta semana. Adorei. A paz que a poetisa aborda no poema, é muito mais abrangente que a oposição à guerra que comummente conhecemos. De resto, adoro Picasso.
Bjinho ;)

5:05 da tarde  
Blogger lique said...

Muito bela esta Ode de Natália Correia! Picasso, inigualável. Em poucos traços. Beijinhos e boa semana

7:07 da tarde  
Blogger Daniel Aladiah said...

Querida Ana
Pela paz...
Um beijo
Daniel

7:58 da tarde  

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