domingo, março 06, 2005

Porque os outros se mascaram mas tu não


Sophia vista por Arpad Szenes



Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão
Porque os outros têm medo mas tu não
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão
Porque os outros se calam mas tu não

Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo
Porque os outros são hábeis mas tu não

Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos
Porque os outros calculam mas tu não.



Sophia de Mello Breyner Andresen

6 Comments:

Blogger hfm said...

Um dos mais velos poemas de Sophia! e será sempre com encantamento que a lerei!

9:44 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Porque outros se mascaram não sei. Mas sei que se nos aprisionatmos pelas implacávaeis mascaras, jamais conseguiremos escapar de nós mesmos.

Beijinhos
vento

5:15 da tarde  
Blogger Daniel Aladiah said...

Querida Ana
Obrigado por nos recordares a Sophia, que te sorri lá de cima...
Um beijo
Daniel

5:54 da tarde  
Blogger lique said...

Um poema de Sophia dos tempos em que resistir era necessário e tantos a isso fugiam. Um dos seus mais belos poemas. E será que não continua a ser preciso "ir de mãos dadas com os perigos" ? Beijinhos, Ana.

7:43 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Vim visitar-te Ana ao teu mundo encantado.
Sophia foi, é e será sempre uma grande senhora.

Um beijo já com sabor a saudade.

LetrasAoAcaso

9:36 da tarde  
Blogger budha said...

Descobrieste poema no 8º ano enquanto ainda estudava, os anos passaram e nunca o esqueci...
É sem sobra para duvidas o poema da minha vida, recordo-me dele e vejo-o varias vezes na face de algumas pessoas..

beijo

10:42 da manhã  

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