segunda-feira, junho 02, 2008

A casa



Sempre se conheceu o vento de Junho
nessa orla, que regougava nas esquinas
da casa à noite e nas manhãs ansiosas
em que voltava a aragem matinal
deixava irremediavelmente os frutos
a juncar a terra e os atalhos.

E sempre se lamentaram as velhas pancadas
do vento, no seu ritmo marítimo, a exaltação
a que nos levava, permanentes povoadores
da costa. E para lamentar dizíamos
as palavras usuais e alguns suspiros
próprios da insónia de ouvir o vento.



Fiama Hasse Pais Brandão
(in Obra Breve)

.

13 Comments:

Blogger © Maria Manuel said...

a avaliar por este mês, vamos ouvir as pancadas do m~es de Junho...

10:12 da manhã  
Blogger ~pi said...

a casa se alonga a sair

da

janela ~

12:06 da manhã  
Blogger poetaeusou . . . said...

*
vento de junho,
vento exaltado,
ecoada na costa,
suspiros matinhais,
,
conchinhas
,
*

2:12 da tarde  
Blogger Odilon said...

Nada mais melancólico do que ouvir o vento... e as histórias que ele traz. Próprias ou inventadas, a imaginação povoa o vento.

11:27 da tarde  
Blogger Luna said...

Suspiros em miragem
Na brisa ventosa da alma
bj

10:13 da tarde  
Blogger Guilherme F. said...

Regresso para degustar as palavras. Adorei esta exaltação.
Gui
coisasdagaveta.blogs.sapo.pt

6:47 da tarde  
Blogger scaramouche said...

que bonito.

abraço,
scaramouche.

6:39 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

as estações são nossas casas e os meses as peças. lindo poema. Beijo de saudade, Ana. (estava viajando e ao retornar, trabalho para pôr em dia, agora, de volta.)

7:15 da tarde  
Blogger Otávio said...

Eu ainda não tive o prazer de sentir o vento de junho ai na sua terra. Estou pensando bem lentamente em pegar uma golfada pro ano que vem.

Beijos

2:08 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

só sei que existe, que vive. que se sente e não se vê

3:41 da tarde  
Blogger delusions said...

.. sempre se lamentaram as velhas pancadas
do vento...

...


as eternidades do mundo



Sofia

6:25 da tarde  
Blogger Isamar said...

Este comentário foi removido pelo autor.

6:38 da tarde  
Blogger Isamar said...

Fiama Pais Brandão conheceu bem o Algarve. Casada com o poeta Gastão cruz ouvia o vento que soprava deste mar de sonho. Às vezes assustador mas outras vezes agradável brisa de mar perfumada.
O poder encantatório das palavras de alguém que anda um pouco esquecido no mundo da poesia.

Bem hajas, amiga!

Mil beijinhos

Mil beijinhos

7:52 da tarde  

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