A casa
Sempre se conheceu o vento de Junho
nessa orla, que regougava nas esquinas
da casa à noite e nas manhãs ansiosas
em que voltava a aragem matinal
deixava irremediavelmente os frutos
a juncar a terra e os atalhos.
E sempre se lamentaram as velhas pancadas
do vento, no seu ritmo marítimo, a exaltação
a que nos levava, permanentes povoadores
da costa. E para lamentar dizíamos
as palavras usuais e alguns suspiros
próprios da insónia de ouvir o vento.
Fiama Hasse Pais Brandão
(in Obra Breve)
.
13 Comments:
a avaliar por este mês, vamos ouvir as pancadas do m~es de Junho...
a casa se alonga a sair
da
janela ~
*
vento de junho,
vento exaltado,
ecoada na costa,
suspiros matinhais,
,
conchinhas
,
*
Nada mais melancólico do que ouvir o vento... e as histórias que ele traz. Próprias ou inventadas, a imaginação povoa o vento.
Suspiros em miragem
Na brisa ventosa da alma
bj
Regresso para degustar as palavras. Adorei esta exaltação.
Gui
coisasdagaveta.blogs.sapo.pt
que bonito.
abraço,
scaramouche.
as estações são nossas casas e os meses as peças. lindo poema. Beijo de saudade, Ana. (estava viajando e ao retornar, trabalho para pôr em dia, agora, de volta.)
Eu ainda não tive o prazer de sentir o vento de junho ai na sua terra. Estou pensando bem lentamente em pegar uma golfada pro ano que vem.
Beijos
só sei que existe, que vive. que se sente e não se vê
.. sempre se lamentaram as velhas pancadas
do vento...
...
as eternidades do mundo
Sofia
Este comentário foi removido pelo autor.
Fiama Pais Brandão conheceu bem o Algarve. Casada com o poeta Gastão cruz ouvia o vento que soprava deste mar de sonho. Às vezes assustador mas outras vezes agradável brisa de mar perfumada.
O poder encantatório das palavras de alguém que anda um pouco esquecido no mundo da poesia.
Bem hajas, amiga!
Mil beijinhos
Mil beijinhos
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