sexta-feira, fevereiro 25, 2005

Sabedoria


Starry night de Van Gogh
aqui


Desde que tudo me cansa,
Comecei eu a viver.
Comecei a viver sem esperança...
E venha a morte quando
Deus quiser.

Dantes, ou muito ou pouco,
Sempre esperara:
Às vezes, tanto, que o meu sonho louco
Voava das estrelas à mais rara;
Outras, tão pouco,
Que ninguém mais com tal se conformara.

Hoje, é que nada espero.
Para quê, esperar?
Sei que já nada é meu senão se o não tiver;
Se quero, é só enquanto apenas quero;
Só de longe, e secreto, é que inda posso amar.
E venha a morte quando Deus quiser.

Mas, com isto, que têm as estrelas?
Continuam brilhando, altas e belas.


José Régio

9 Comments:

Blogger Duarte said...

O poema é intenso, revela algum desânimo, quiçá revolta e inquietação pela morte. Mas destaca a poesia das estrelas que anunciam vida eterna :)

nota: criei um atalho no meu blog para espreitar a encosta do mar e o seu horizonte. Bjs

11:44 da manhã  
Blogger Pedro said...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

12:36 da tarde  
Blogger Pedro said...

adorei aqui chegar...
vim "namorando o horizonte"...e quando me encontrei estava aqui..
gostei do que li....

gostei porque me fez sorrir...

continua...

12:40 da tarde  
Blogger hfm said...

É sempre bom visitar-te.

1:44 da tarde  
Blogger BlueShell said...

Mas devemos esperar...que somos nós sem esperança...seres que aguardam passivamente a Morte?

Gosto de Régio.
Jinho, BShell

11:01 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Cansaço. Lutarei, apesar. Lutarei, porque. As estrelas. O dentro do brilho.
Magnifico.

Beijinhos
vento

11:24 da tarde  
Blogger Cris said...

As estrelas continuam brilhando, sim... e acredita q é no meio do cansaço q as conseguimos encontrar mais brilhantes...

Como sempre gostei tanto!
Um beijinho

1:25 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Olá, Ana.
Deixo um abraço.

Pedro Camargos

2:14 da manhã  
Blogger lique said...

Um poema muito belo, muito desencantado Mas com a constatação de que o universo aí continua, com a sua beleza quase indiferente ao nosso cansaço e desilusão. As estrelas brilham, sempre. Beijinhos, Ana

10:17 da manhã  

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