sábado, junho 16, 2007

Gaivotas - II

Foto de Pedro Ferreira aqui


Gosto muito de palavras. Gosto de as ver voar com as asas que os poetas lhes dão. Por vezes, gosto até de as arrumar com os meus dedos inábeis.
Há algum tempo atrás, foi-me apresentada uma palavra nova. Policitemia. No próprio dia em que a conheci, fez-me uma estranha declaração de fidelidade. “Serei tua até ao fim da vida.” Por muito que me custe, tinha razão. Desde essa altura, nunca mais me deixou. Não gosto de falar dela. Tento esquecer que a roleta da vida a fez presente em todos os meus dias. Há alturas em que consigo mesmo empurrá-la para os confins da memória. Mas ela volta, inflexível.
É, apenas, uma palavra, feia e rara. Mas tem o seu lado positivo. Faz tornar mais belas as palavras de que gosto. Mais vulgares, encerram, no entanto, a beleza que a Vida proporciona... Liberdade, Amor, Poesia, Mar. Estas guardo-as em mim e sei que, também, nunca me abandonarão. Tal como o voo das gaivotas.


Foi o Platero , com quem, por acaso, me cruzei nestas rotas da blogosfera, que, com o seu exemplo e a sua força, me deu coragem para falar da minha palavra feia. Espero que para ele todas as palavras tenham a cor da esperança. Porque as imagens que ele capta têm de ter a legenda que merecem.


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14 Comments:

Blogger Platero said...

Olá Ana

Fala, sempre e escreve, as palavras feias como a que se tornou tua companhira, mas sobretudo as palavras bonitas com que vais lutar para mandar essa palavra feia para onde ela merece estar.

Obrigado também pelas belas palavras que me dedicas, e que me deixam comovido,força também na tua luta, pois todos juntos vamos vencer!

Um abraço forte virado para esse mar lindo.

2:05 da manhã  
Blogger Isamar said...

Minha Querida Ana!

Fui ler a informação disponível no google sobre a tua palavra feia.De facto, não te posso dizer que o não é mas toda tu, do que chega até mim nas palavras em que te envolves, és tão bonita!Esta encosta tem uma vista panorãmica e a sua proprietária merece todo o meu carinho e atenção. Fui ler o Platero, passarei mais tarde para o comentar também. Obrigada por mo teres dado a conhecer. Continua a ir corajosamente à casa branca, a vida é uma luta, e a vitória depende, em parte, da forma como abraçamos a batalha. Estou contigo, estarei sempre, tens o meu email . Usa-o e ABUSA. Olha, como me dizia um amigo, hoje deixo-te a mesma frase: "gosto de gostar de ti."
Beijinhos mil na tua encosta de onde avisto o meu mar.

4:14 da tarde  
Blogger Daniel Aladiah said...

Querida Ana
Pelo que li, há tratamento mas não parece haver cura... ):
Há quem veja a doença como um caminho para aprender algo... não sei se o é, nem porque temos de sofrer, mas parece que não o podemos de todo evitar. Tens muitos anos ainda para gozar e apreciar a vida e as letras e estou convencido que, por aquilo que és, um destes dias, afinal, não era nada. Não percas a esperança nunca!
Um beijo
Daniel

9:18 da tarde  
Blogger Kalinka said...

BOA NOITE
Hoje o dia nasceu
negro e amanheceu
sombras me invadem
a alma
os olhos inundam-se
lágrimas rolam
a tristeza acompanha-me
porque será?
questiono-me
mas as respostas faltam
quero tudo esquecer
voltar-me para o lado
e adormecer...
ofereço-te estas palavras singelas saídas cá de dentro, neste preciso momento.

BOM DOMINGO.

AMIGA, ao ler-te devagarinho...arrepiei-me e pressenti logo o que podia ser, mas...não tive coragem de ir pesquisar. No entanto, ao ler os comentários, apercebo-me que houve quem fosse logo pesquisar e já me confirmaram o que eu suspeitava.
Força! Sabes que estou sempre a teu lado para o que der e vier.

12:41 da manhã  
Blogger sonhadora said...

Vim desejar-te um bom domingo e deixar-te beijinhos embrulhados em abraços.

12:06 da tarde  
Blogger deep said...

...descobri depois de te ler o que significa, não sei como se diz "navega pelo mar da vida" quando se descobre nevoeiro no horizonte...mas tu tens escrito isso e eu vou o descobrindo contigo...o meu abraço

9:08 da manhã  
Blogger Amaral said...

Gostei das palavras. E das gaivotas.
E das palavras que têm o voo das gaivotas, vêm, céleres, inesperadas... trazendo, por vezes, sabores indesejados.
Mas, ainda assim, quando o medo perde força, a palavra é simples instrumento, e o voo das gaivotas readquire a beleza de sempre... envolvendo o espaço... também o nosso...

10:25 da manhã  
Blogger Fernando Palma said...

Além de conheer novas palavras, o bom é conhecer novos sentidos para palavras já conhecidas. Metáforas!

Abraços, estrelas, nuvens...

1:20 da tarde  
Blogger Isamar said...

Passei para deixar beijinhos nesta encosta que me fascina...e ver o mar.

7:42 da manhã  
Blogger A.S. said...

As palavras apenas traduzem realidades que podem ser boas ou más! Neste caso, e porque julgo que te conheço bem, não será uma palavra má que poisou na tua encosta que te vai abalar Ana! E sabes porquê?
Porque além dos amigos que vão estar contigo matando cada uma das silabas, tens outras palavras que têm muito mais força... Liberdede! Amor! Poesia! Mar! Vida!


E eu sei que acreditas! Sobretudo em ti própria!!!

Abraço-te!...

5:45 da tarde  
Blogger Isabel José António said...

Bom dia Ana,

Existem palavras que nos ferem
Palavras outras que nos elevam
Outras ainda que a nós aderem
Mais as que os ventos revelam

Palavras doces ou amarguradas
Palavras neutras indiferentes
Se dão vida ao amor, são douradas
As que fazem vibrar, coerentes

Mas a palavra mais delicada
É a que nos traz a fraternidade
No amor universal está embrulhada
E rima bem com verdade, eternidade

Muito bem reflectido o seu texto. Parabéns.

Um abraço

José António

6:29 da manhã  
Blogger Kalinka said...

E, cá vou eu seguindo por terras belas, calmas e convidativas - Mourão e Borba.
Nesta viagem trago a Florbela comigo:
Árvores do Alentejo
Horas mortas... curvadas aos pés do Monte
A planície é um brasido... e, torturadas,
As árvores sangrentas, revoltadas,
Gritam a Deus a bênção duma fonte!
E quando, manhã alta, o sol postonte
A oiro a giesta, a arder, pelas estradas,
Esfíngicas, recortam desgrenhadas
Os trágicos perfis no horizonte!
Árvores! Corações, almas que choram,
Almas iguais à minha, almas que imploram
Em vão remédio para tanta mágoa!
Árvores! Não choreis! Olhai e vede:
-Também ando a gritar, morta de sede,
Pedindo a Deus a minha gota de água!
(Florbela Espanca)

1:08 da tarde  
Blogger Fernanda said...

Olá, sou brasileira e tambem tenho um blog, que por sinal tem o mesmo padrao que este, rs...

Bom.. estive a ler seus textos e poesias e me encantei com os posts.

Ficaria muito honrada com uma visita.
Posso continuar a apreciar este blog?

Abraços
Fernanda

5:20 da tarde  
Blogger Ana said...

Obrigada a todos os que me deixaram os seus comentários. O apoio sente-se pelas palavras, gaivotas de amizade.

11:43 da tarde  

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