Não há outro caminho
Os poemas podem ser desolados
como uma carta devolvida,
por abrir. E podem ser o contrário
disso. A sua verdadeira consequência
raramente nos é revelada. Quando,
a meio de uma tarde indistinta, ou então
à noite, depois dos trabalhos do dia,
a poesia acomete o pensamento, nós
ficamos de repente mais separados
das coisas, mais sozinhos com as nossas
obsessões. E não sabemos quem poderá
acolher-nos nessa estranha, intranquila
condição. Haverá quem nos diga, no fim
de tudo : eu conheço-te e senti a tua falta?
Não sabemos. Mas escrevemos, ainda
assim. Regressamos a essa solidão
com que esperamos merecer, imagine-se,
a companhia de outra solidão. Escrevemos,
regressamos. Não há outro caminho.
Rui Pires Cabral
(in Longe da aldeia)
.
14 Comments:
Esta é a magia da escrita e, principalmente, do poema. O sentimento toma forma apenas como sentimento. A realidade pode ou não fazer parte deste mundo.
Olá Ana, adorei o teu blogue e a tua escrita e estou de acordo contigo.
Beijinhos,
Fernandinha
Realmente não há outro caminho. Belo texto.
Abraços.
A poesia do poeta enfeita a realidade com a magia, com as cores e os sons daquilo que se sente e não se vê...
A mistura de dois mundos que se conhecem proporcionam ao poeta a paleta que o liberta da fisicalidade e o acolhe no imaginário dos sentidos onde abundam a beleza e a sensibilidade...
escrever é sempre magia e a escrita é capaz de transformar as pessoas, sou dos que acreditamnisso. (é amanhã, Ana, mais um verão em minha vida)beijinho.
Oi amiga
adorei seu blog
convido vc para Lusitana Ilusao
espero que goste
bjs inocentes
ts
A poesia e a mensagem subtil e delicada do poeta. Quem não fica deliciado perante esta mistura de estética e lirismo?
Beijinhossss de mar
gostei muito do poema.
Ana, obrigado pelo carinho e presença. Deixaste o dia mais feliz. Um presente que recebi. Beijo.
*
o poema,
é o produto final do momento,
o pensamemto,
divagado em teorema,
proposição,
de liberdade consentida,
retida,
num mar de solidão
,
conchinhas poéticos, deixo,
,
*
AMIGA
Belo poema, belas palavras.
..."E não sabemos quem poderá
acolher-nos nessa estranha, intranquila condição.
Haverá quem nos diga, no fim
de tudo : eu conheço-te e senti a tua falta?"
Beijos
LINDO:
..."Regressamos a essa solidão
com que esperamos merecer, imagine-se, a companhia de outra solidão."
Estou de rastos.
O m/médico disse que tive uma descarga de vesícula, já seria de esperar depois das 5 semanas de nervos...e mais nervos; além da paragem de digestão...que mais me falta acontecer?
Abraço muito apertado.
o caminho da escrita...
poema lindíssimo!
O caminho...
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