sábado, janeiro 31, 2009

Retrato



Desenho de Arpad Szenes




Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida
a minha face?



Cecília Meireles
(in Viagem)

.

14 Comments:

Blogger Mare Liberum said...

Gosto muito de Cecília Meireles.A vida é assim mesmo.Transformamo-nos com o tempo e não nos apercebemos dessas alterações. Interiores e exteriores.
Quanto ao desenho, será Vieira da Silva?
Penso que sim.
Excelente escolha, amiga.

Beijinhos


Bem-hajas!

Bom fim de semana!

9:29 da manhã  
Blogger pico minha ilha said...

Com o passar do tempo tanto nos transformamos, mas nem sempre é com o tempo, por vezes a amargura da vida e outras coisas nos deixam com outro rosto e nos perguntamos onde estou ou quem sou.Beijo e bom fim de semana.

3:10 da tarde  
Blogger Marinha de Allegue said...

Aceptar e respetar o paso do tempo é indispensable para a nos saúde...

Apertas Ana.
:)

4:47 da tarde  
Blogger ~pi said...

tantos espelhos nos

gastam

nos

abrem,




beijo




~

2:54 da manhã  
Blogger © Maria Manuel said...

apesar da nostalgia, é poema de grande beleza.

beijo, Ana.

9:25 da manhã  
Blogger hfm said...

Um dos meus poemas preferidos de Cecília. Se é que em Cecília eu tenho preferidos.

Gostei muito do comentário de hoje teu. Há quem saiba ler.

10:06 da manhã  
Blogger MARIPA said...

A nostalgia a acompanhar Cecília...

"...,tão simples,tão certa..." a mudança que nos acompanha.

Beijo,Ana. E o meu carinho.

9:52 da tarde  
Blogger Maria said...

Obrigada por este belo poema.

Um beijo

9:52 da tarde  
Blogger Isabel José António said...

Querida Amiga Ana,

É assim como a Cecília Meireles afirma neste belíssimo poema.

O que nunca muda é o VERDADEIRO SER, que é eterno e faz parte da própria eternidade.

De resto tudo muda, como dizia Rómulo de Carvalho (vulgo António Gedeão)"a mudança é a constante da vida".

Parabéns pelo bom gosto.

Um abraço

José António

2:48 da tarde  
Blogger Maré Viva said...

Como a poesia me encanta, este, aquele e mais o outro...como eu gosto de os ler, há sempre nos poemas algo que tem a ver que com o nosso eu.
Este é simplesmente lindo e verdadeiro.
Obrigada.
Um beijo

2:55 da tarde  
Blogger poetaeusou . . . said...

*
No amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer.
E então serás eterno.
,
amo a poesia de
cecilia meireles,
,
obrigado Ana,
,
*

9:19 da tarde  
Blogger Lmatta said...

Lindo poema bela foto
beijos

10:18 da tarde  
Blogger De Amor e de Terra said...

Para mim uma das maiores da lìngua Portuguesa, a par com Sophia.
Tudo o que até hoje li dela me encanta.

Obrigada Ana.

Bjs.

Maria Mamede

3:16 da tarde  
Blogger lupuscanissignatus said...

reflexos

do

vento

2:25 da tarde  

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