Retrato
Desenho de Arpad Szenes
Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida
a minha face?
Cecília Meireles
(in Viagem)
.
14 Comments:
Gosto muito de Cecília Meireles.A vida é assim mesmo.Transformamo-nos com o tempo e não nos apercebemos dessas alterações. Interiores e exteriores.
Quanto ao desenho, será Vieira da Silva?
Penso que sim.
Excelente escolha, amiga.
Beijinhos
Bem-hajas!
Bom fim de semana!
Com o passar do tempo tanto nos transformamos, mas nem sempre é com o tempo, por vezes a amargura da vida e outras coisas nos deixam com outro rosto e nos perguntamos onde estou ou quem sou.Beijo e bom fim de semana.
Aceptar e respetar o paso do tempo é indispensable para a nos saúde...
Apertas Ana.
:)
tantos espelhos nos
gastam
nos
abrem,
beijo
~
apesar da nostalgia, é poema de grande beleza.
beijo, Ana.
Um dos meus poemas preferidos de Cecília. Se é que em Cecília eu tenho preferidos.
Gostei muito do comentário de hoje teu. Há quem saiba ler.
A nostalgia a acompanhar Cecília...
"...,tão simples,tão certa..." a mudança que nos acompanha.
Beijo,Ana. E o meu carinho.
Obrigada por este belo poema.
Um beijo
Querida Amiga Ana,
É assim como a Cecília Meireles afirma neste belíssimo poema.
O que nunca muda é o VERDADEIRO SER, que é eterno e faz parte da própria eternidade.
De resto tudo muda, como dizia Rómulo de Carvalho (vulgo António Gedeão)"a mudança é a constante da vida".
Parabéns pelo bom gosto.
Um abraço
José António
Como a poesia me encanta, este, aquele e mais o outro...como eu gosto de os ler, há sempre nos poemas algo que tem a ver que com o nosso eu.
Este é simplesmente lindo e verdadeiro.
Obrigada.
Um beijo
*
No amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer.
E então serás eterno.
,
amo a poesia de
cecilia meireles,
,
obrigado Ana,
,
*
Lindo poema bela foto
beijos
Para mim uma das maiores da lìngua Portuguesa, a par com Sophia.
Tudo o que até hoje li dela me encanta.
Obrigada Ana.
Bjs.
Maria Mamede
reflexos
do
vento
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