sexta-feira, dezembro 05, 2008

Cabo Verde



Foram dias divididos entre o esmeralda do mar e o rumor do vento nos coqueiros. Foram noites mornas semeadas de estrelas. Guardei em mim as memórias de um tesouro que há-de aquecer os longos dias de inverno. Volto com palavras de um poeta que nasceu nas Ilhas da Morabeza.



Poema


Na espuma verde
do mar
desenharei o teu nome.

Em cada areia
da praia
em cada pólen
da flor
em cada gota
do orvalho
o teu nome
deixarei gravado.

No protesto calado
de cada homem ultrajado
em cada insulto
em cada folha caída
em cada boca faminta
hei-de escrever
o teu nome.

Nos seios férteis
das virgens
nos sorrisos perenes
das mães
nos dedos dos namorados
no embrião da semente
na luz irreal das estrelas
nos limites do tempo
hei-de uma esperança semear.


António Mendes Cardoso


.

14 Comments:

Blogger Maria said...

Não conhecia este autor. O poema é lindíssimo. E tu uma sortuda...
Aposto que já dizes "sôdade"...

Beijinhos

2:12 da manhã  
Blogger © Maria Manuel said...

muito bonito e pleno de sentidos o poema que nos trazes, Ana.
um beijinho!

8:38 da manhã  
Blogger Maré Viva said...

A poesia toca-nos sempre, desde que as palavras tenham vida própria e este poema que nos deixas é prova disso.
No entanto concordo contigo:as palavras de Eugénio de Andrade têm uma beleza que extrava e se derrama sobre quem as lê e relê e relê...
Um beijinho com votos de bfds.

10:22 da manhã  
Blogger Amaral said...

Cabo Verde veio contigo, certamente, carregado de belos sentimentos...
Na espuma e no protesto, no sorriso, em cada folha - que belo poema!...

11:42 da manhã  
Blogger hfm said...

Aqui, mergulhando neste mar...

2:04 da tarde  
Blogger Isamar said...

Gosto de poesia, gosto do mar e gosto de ti.
Obrigada, amiga.
Belo poema!

Mil beijinhos

Bem hajas!

9:22 da tarde  
Blogger MARIPA said...

Tão bom, Ana,teres passado dias que te permitiram guardar boas lembranças...cheios de mar...

De Cabo Verde, trazes os olhos cheios de mar e um poema belo e sentido.

Beijinho ,amiga querida.

11:53 da tarde  
Blogger Branca said...

Que mar! E que bem descreves os dias aí passados, fiquei com vontade de conhecer essas paragens.
Obrigada pela partilha e pelo poema, que é simples e lindo!
Beijinhos.
Branca

5:58 da tarde  
Blogger Menina Marota said...

Que saudades! Até me apeteceu chorar...

Beijinhos e grata pela partilha

7:36 da tarde  
Blogger Isamar said...

Vim ver este mar e deixar-te um beijinho.

Bem-hajas, Ana!

3:18 da tarde  
Blogger ~pi said...

essa maravilhosa música

((essa

água

minha



~

5:10 da tarde  
Blogger Odilon said...

Bom o poema e bela a mensagem. Melhor ainda tê-lo descoberto por teu intermédio. Vejo que os dias de descanço foram muito satisfatórios. Bom retorno.

Beijos

11:24 da tarde  
Blogger Carla said...

poema limdíssimo...que saudades de Cabo Verde
beijos e bom fds

2:04 da tarde  
Blogger fernando said...

Um Clássico escrito na Língua Portuguesa.
É duma sensibilidade pungente até às lágrimas, impossível de descrever.
Uma imensa Saudade de um “Homem Ultrajado”. Que deixou ou vai deixar a sua terra natal.
Um Poema compacto, conciso. O ritmo, na Verdade das palavras, bem empregadas. O Autor domina excelentemente a Língua Portuguesa.

Resumindo um Clássico!

João Fernando Cardoso
(Que eu saiba. Não somos Parentes)

PS

O poema, não é uma declaração de Amor. Como quase todos os Comentadores atribuem.

9:42 da tarde  

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