terça-feira, junho 09, 2009

Sobre o lado esquerdo




De vez em quando a insónia vibra com a nitidez dos sinos, dos cristais. E então, das duas uma : partem-se ou não se partem as cordas tensas da sua harpa insuportável.

No segundo caso, o homem que não dorme pensa:
" o melhor é voltar-me para o lado esquerdo e assim, deslocando todo o peso do sangue sobre a metade mais gasta do meu corpo, esmagar o coração".



Carlos de Oliveira
(in Trabalho Poético)


.

14 Comments:

Blogger © Maria Manuel said...

interessante texto, Ana.
eu diria que a fragilidade do nosso coração suporta muitas coisas, insónias, dores,...

um beijo.

10:05 da manhã  
Blogger Ana Echabe said...

Bom Dia ...
Quase sempre a parte mais frágil, o corpo do instrumento, fica apoiado ao nosso, do lado esquerdo, então, quando a corda arrebenta é no coração que ela bate.
Somos sempre sentimento e por muitas vezes vibrados em Sol, 4 / 4 mas ainda não sabemos compor uma Bossa Nova.

Bjs Ana e uma semana cheia de Sol e Lua, dourada em prata.

1:46 da tarde  
Blogger tecas said...

Sem palavras para comentar o perfeito...
Bji querida Ana e uma boa semana

3:26 da tarde  
Blogger AnaMar (pseudónimo) said...

Por isso o melhor é dormir sempre sobre o lado direito...
Magnífico texto.
Bj

7:03 da tarde  
Blogger hfm said...

"esmagar o coração"... quanto não se poderia escrever à volta deste tema.

Como foi bom encontrar aqui Carlos de Oliveira.

10:17 da manhã  
Blogger Maré Viva said...

E como apetece às vezes esmagar o coração...
Ana, as tuas escolhas são sempre tão refinadas e subtis, tal como como a imagem que tenho de ti.
Uns excelentes feriados na encosta do teu mar, onde decerto florescem as ondas repetidas...
Beijinho.

2:43 da tarde  
Blogger Heduardo Kiesse said...

dá que pensar e sentir este texto... documento poético!
- inSónia...

abraço

3:30 da tarde  
Blogger Porcelain said...

Tenhamos insónias deitados sobre o lado direito... insónias de felicidade e gratidão pelo magnífico presente que é termos coração, já que ele nos permite sentir aquilo que de mais magnífico pode existir: o amor...

Beijinhos!

6:20 da tarde  
Blogger Pedro Branco said...

Os meus silêncios gritam marés à solta. Em praias desertas no meio dos olhares dos Homens. São passos firmes entre chagas e calores. Entre fogos e amores por onde os meus sonhos deslizam embriagados e solitários... Cada olhar. Cada mão. Cada cantar. Cada eterna inquietação dos meus silêncios morre-me por entre a pele de cheirar a viagens. São fontes puras e frescas à deriva no meu peito. São as cores das peregrinações perdidas nas imagens das flores. As noites que se estendem sobre o leito vazio. O espelho da lua pousado sobre mim. E tudo permanece enfim outra vez novamente. Entre a máscara e o embrião...

11:07 da tarde  
Blogger lupuscanissignatus said...

esmaga
dor

2:59 da tarde  
Blogger ~pi said...

agora tenho o meu coração inteiro, por fim,

[ no peito part

ilhado, nas mãos :)


muito belo o texto, mui-to!





beijo





~

12:31 da tarde  
Blogger . intemporal . said...

lind.íssimo.

ampla.mente assertivo.

gostei. muito.

. um beijo, Ana.
. um bom fim de semana.

2:34 da tarde  
Blogger Ed. G said...

Olá Querida Ana,

Carlos de Oliveira escreve de sentimentos maravilhosamente. Optima escolha, muito bonitas são estas palavras, juntas são reveladoras.

Bjs Lusitanos,
Ed.G

11:51 da tarde  
Blogger André Sousa said...

Um dos textos que mais gosto. Foi bom encontrá-lo aqui.

12:57 da manhã  

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