domingo, março 28, 2010
O meu coração é um navio
que te procura nos sete mares,
que à flor das águas vai e vem
gritando, atirando o teu nome.
O meu coração é um navio
que te procura mas não te encontra.
A Oeste, a Leste, a Sul, ao Norte
retesa as velas , mas não te encontra.
Envelheceram já muitas palavras.
Porém nada perdido, que este verde
coração se arruma como louco
sobre as ondas, e procura e procura.
Fernando Assis Pacheco
(in Cuidar dos Vivos)
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quarta-feira, março 24, 2010
Encosto a face à parede
Foto de Maria José Amorim aqui
encosto a face à parede
mais triste do quarto, fiel
guardiã do sol posto.
o coração que me deixaste
é uma casa difícil de habitar.
Renata Correia Botelho
Poema encontrado em "RESUMO - a poesia em 2009", antologia editada pela Assírio & Alvim e a FNAC para celebrar o Dia Mundial da Poesia .
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encosto a face à parede
mais triste do quarto, fiel
guardiã do sol posto.
o coração que me deixaste
é uma casa difícil de habitar.
Renata Correia Botelho
Poema encontrado em "RESUMO - a poesia em 2009", antologia editada pela Assírio & Alvim e a FNAC para celebrar o Dia Mundial da Poesia .
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sábado, março 20, 2010
Fonte
No sorriso louco das mães batem as leves
gotas de chuva. Nas amadas
caras loucas batem e batem
os dedos amarelos das candeias.
Que balouçam. Que são puras.
Gotas e candeias puras. E as mães
aproximam-se soprando os dedos frios.
Seu corpo move-se
pelo meio dos ossos filiais, pelos tendões
e orgãos mergulhados,
e as calmas mães intrínsecas sentam-se
nas cabeças filiais.
Sentam-se, e estão ali num silêncio demorado e apressado,
vendo tudo,
e queimando as imagens, alimentando as imagens,
enquanto o amor é cada vez mais forte.
E bate-lhes nas caras, o amor leve.
O amor feroz.
E as mães são cada vez mais belas.
Pensam os filhos que elas levitam.
Flores violentas batem nas suas pálpebras.
Elas respiram ao alto e em baixo.
São silenciosas.
E a sua cara está no meio das gotas particulares
da chuva,
em volta das candeias. No contínuo
escorrer dos filhos.
As mães são as mais altas coisas
que os filhos criam, porque se colocam
na combustão dos filhos. Porque
os filhos são como invasores dentes-de-leão
no terreno das mães.
E as mães são poços de petróleo nas palavras dos filhos,
e atiram-se, através deles, como jactos
para fora da terra.
E os filhos mergulham em escafandros no interior
de muitas águas,
e trazem as mães como polvos, embrulhados nas mãos
e na agudez de toda a sua vida.
E o filho senta-se com a sua mãe à cabeceira da mesa,
e através dele a mãe mexe aqui e ali,
nas chávenas e nos garfos.
E através da mãe o filho pensa
que nenhuma morte é possível e as águas
estão ligadas entre si
por meio da mão dele que toca a cara louca
da mãe que toca a mão pressentida do filho.
E por dentro do amor, até somente ser possível amar tudo
e tudo ser reencontrado
por dentro do amor.
Herberto Helder
(in Poesia Toda).
terça-feira, março 16, 2010
Mark Knopfler - True Love Will Never Fade
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When I think about us
I see the picture that we made
the picture to remind us
true love will never fade
true love will never fade
true love will never fade
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sexta-feira, março 12, 2010
Música aquática
Foto de Paulo Faria aqui
HOJE
do acaso encontro
ao desvelar acaso de nossas vidas
acaso o tempo quisesse reunir
o acaso sentir de estranho mundo
fremindo consoante em nós
acaso assim cumprido o feliz acaso
Isabel Bogalho
Poema e foto retirados de Música Aquática . Quando a poesia e a música proporcionam um encontro feito do acaso de sentires comuns. Obrigada, Isabel.
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segunda-feira, março 08, 2010
A Single Man
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Um Homem Singular
Um filme que fala de solidão e de luto, da perda de sentido para a vida depois da morte de um ente querido.
Um filme que fala, essencialmente, de amor entre duas pessoas, não importa que sejam, ou não, do mesmo sexo.
Magnífico desempenho de Colin Firth, a merecer a nomeação para o Óscar na categoria de Actor principal.
Hoje se verá ...
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quarta-feira, março 03, 2010
Sacode as nuvens
Foto de Gaylen Morgan
Sacode as nuvens que te poisam nos cabelos,
Sacode as aves que te levam o olhar.
Sacode os sonhos mais pesados do que as pedras.
Porque eu cheguei e é tempo de me veres,
Mesmo que os meus gestos te trespassem
De solidão e tu caias em poeira,
Mesmo que a minha voz queime o ar que respiras
E os teus olhos nunca mais possam olhar.
Sophia de Mello Breyner Andresen
(in Coral)
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Sacode as nuvens que te poisam nos cabelos,
Sacode as aves que te levam o olhar.
Sacode os sonhos mais pesados do que as pedras.
Porque eu cheguei e é tempo de me veres,
Mesmo que os meus gestos te trespassem
De solidão e tu caias em poeira,
Mesmo que a minha voz queime o ar que respiras
E os teus olhos nunca mais possam olhar.
Sophia de Mello Breyner Andresen
(in Coral)
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