segunda-feira, agosto 14, 2006

Poema





Como se o teu amor tivesse outro nome no teu nome,
chamo por ti; e o som do que digo é o amor
que ao teu corpo substitui a doçura de um pronome
- tu, a sílaba única de uma eclosão de flor.

Diz-me, então, por que vens ter comigo
no puro despertar da minha solidão?
E que murmúrio lento de uma cantiga de amigo
nos repete o amor numa insistência de refrão?

É como se nada tivesse para te dizer
quando tu és tudo o que me habita os lábios:
linguagem breve de gestos sábios
que os teus olhos me dão para beber.


Nuno Júdice

11 Comments:

Blogger DE-PROPOSITO said...

'POEMA'. A vida é um poema. Para uns um poema alegre salpicado de altos e baixos mas que continua poema. Para outras começa logo em pequeninos em poema triste acabando num texto cheio de amarguras.
Fica bem.
Um beijinho para ti.
Manuel

11:28 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Tão belo e eu não conhecia.
Merci por ele.
E um beijo daqui.

12:34 da tarde  
Blogger Kalinka said...

OLÁ ANA:

Belo poema sobre o Amor.

GOSTEI:
- tu, a sílaba única de uma eclosão de flor.
Diz-me, então, por que vens ter comigo no puro despertar da minha solidão?

Beijo-te com carinho.

6:02 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Hum,gosto tanto deste poema,mas muito mesmo !
E gosto de Nuno Júdice,sorri,escreve!
Beijinho grande para ti,adorei!

margarida

7:47 da tarde  
Blogger Daniel Aladiah said...

Querida Ana
Com pequenos versos podemos dizer tanta coisa... fazer caber o mundo em poucas palavras e,mesmo assim, fica sempre muito que dizer...
Um beijo
Daniel

1:21 da manhã  
Blogger douglas D. said...

olá. Obrigado pela visita lá no vomitando...e, sim, nesse mundo de adultos sem cor, não há espaços para amor...mas eu insisto e não desisto, justo por amar.
abs.

6:35 da manhã  
Blogger Lmatta said...

Lindo poema
bela escolha
beijos

3:11 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Bonito poema.
No dia 28 de Outubro vai realizar-se o "1º Encontro de Poetas Almadenses", em Cacilhas.
Mais informações em "poetas-almadenses.blospot.com".

8:15 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

"Admirar é amar com o cérebro."
(T.Gautier)

- Amirei muito seu espaço...
Bem-Vindo/a

Deixo Abraço
ConchitaMachado

6:57 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Visitinha muito breve neste momento.
Fiquei alegre com suas amáveis Palavras... agradeço.

Reli a minha visita anterior
(supracitada)
e,
peço desculpa pela falha
no Português.
Eu quiz dizer:
Admirei muito...
Seja sempre Bem-Vinda/o.

Até muito breve
BeijoComCarinho
ConchitaMachado

12:56 da manhã  
Blogger Unknown said...

Adoro Nuno Judice:

Um dia pensarei que passei por ti como passam os pássaros
por este campo que há-de tornar-se seco, no inverno; e que a
primavera que vivemos não há-de voltar, ao contrário dessa
que todos os anos sucede ao inverno, trazendo consigo esses
pássaros de que me lembro ao pensar que estou sem ti, agora
que todas as viagens chegaram ao fim, e uma pausa se prolonga
até se tornar definitiva. Mas não é por pensar isso que me sinto
longe de ti: o que talvez me faça sofrer, como se o sofrimento
não fosse uma parte do amor, e se substitua a ele, quando o
tempo impõe as suas regras, e nos lembra que dependemos
de pequenas coisas para que tudo mude, de um dia para o outro,
tornando-nos outros do que fomos, embora continuemos a
sentir o que sempre sentimos. Então, dirás,
alguma coisa valeu a pena? E eu respondo que
a migração dos pássaros é um sintoma de que os hábitos
não mudam quando queremos; e a vontade dos que
querem ficar leva-os à morte, como se entre morrer e amar
houvesse um elo que não sabemos de onde vem, mas se manifesta
na melancolia de um bater de asas, sob os ramos da árvore,
quando o céu de chuva impede o voo para cima dos seus
ramos. Mesmo que peguemos nessa ave, de pouco servirá: o
seu destino foi escolhido por ela, e quando isso acontece nada
podemos fazer. Debate-se, procurando escapar aos dedos
que a prendem; e esse gesto leva-a para onde não lhe chegamos,
a não ser com o olhar, sabendo que no dia seguinte o ramo
irá ficar vazio. Assim, voltei ao café onde tantas vezes te
esperei: e não havia ninguém na mesa, como se a maldição
tivesse tomado conta do lugar. «É do inverno», disse
o patrão, «ninguém sai de casa com este tempo.» Não lhe
dei outras razões. O que eu sei, levaste-o contigo, neste
inverno em que nem os pássaros querem ficar.

Nuno Júdice

4:00 da manhã  

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