domingo, outubro 28, 2007

Ver-te




Ver-te é como ter à minha frente todo o tempo
é tudo serem para mim estradas largas
estradas onde passa o sol poente
é o tempo parar e eu próprio duvidar mas sem pensar
se o tempo existe se existiu alguma vez
e nem mesmo meço a devastação do meu passado.
Quando te vejo e embora exista o vento
nenhuma folha nas múltiplas àrvores se move
ver-te é logo todas as coisas começarem é
tudo ser desde sempre anterior a tudo.
Ver-te é sem tu me veres eu sentir-me visto
sentir no meu andar alguma segurança mínima
caminhar pelo ar a meio metro da terra
e tudo flutuar e ser ainda mais aéreo do que o ar
ver-te é nem mesmo pensar que deixarei de ver-te


...



Ruy Belo

.

12 Comments:

Blogger Maria said...

Depois de passear contigo por Moçambique é bom chegar aqui e ler Ruy Belo... e ver este pôr de sol...

Bom domingo
Beijinho

1:18 da manhã  
Blogger © Maria Manuel said...

«ver-te» parece ser renascer, para um espaço-tempo onde tudo é novo e possível outra vez...

9:38 da manhã  
Blogger Isamar said...

Minha Doce Ana

Comprei há poucos dias as obras completas de Ruy Belo da Assírio e Alvim. Fiquei deliciada! E agora confirmo, mais uma vez, que gosto do que tu gostas. Poesia! Ambas nos sentimos bem a ler a vida olhada de outra forma. Mas bem olhada,também!

"Ver-te é como ter à minha frente todo o tempo
é tudo serem para mim estradas largas..."

Tenho-te no coração, doce amiga. Solta-se um beijo para a encosta onde tanto gosto de passar.

e um abraço apertado!

10:29 da manhã  
Blogger hfm said...

Palavras rubras como o sol no firmamento.

12:55 da tarde  
Blogger Borboletta said...

Ana,

Nas tuas letras poéticas encontra-se uma felicidade inteira e sorriso...



(A)braços :)

6:45 da tarde  
Blogger Branca said...

Vim à procura da sua "casa" na Encosta do Mar e encontrei lindos poemas e belas fotografias desse mar que tanto nos fascina.
Voltarei mais vezes.
Obrigada pela sua visita.

12:45 da manhã  
Blogger Maria Clarinda said...

Vim amanhecer no teu espaço!
Linda a fotografia e o poema de Ruy Belo. Jinhos

9:25 da manhã  
Blogger poetaeusou . . . said...

*
as plantas acenavam
ao vento de agosto,
nas suas hastes finas e verdes,
e disse-me a mais faladora
de todas, alta e trigueira:
dás-me dez anos da tua vida ?
eu só tinha cinco anos,
pus-me a contar pelos dedos,
vi que ia ficar com muito pouco,
- dou - disse eu, e ainda hoje, que nunca mais soube de mim, vou com o vento, balouçando.
e agosto é todo o ano para mim.
,
ruy belo-cadernos de poesia-1970-
*
xi
*

2:03 da tarde  
Blogger Luis Ferreira said...

Quero agradecer a visita ao Mar de Sonhos e venho retribuir a mesma.

Adorei as fotos de mar e de praia que encontrei neste mundo.

Parabens

5:29 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Oi Ana, estava com muita saudade da Encosta, gosto daqui, dos textos, das imagens, e sempre é como estar em paz. beijo e aos poucos irei retornando.

6:24 da tarde  
Blogger PostScriptum said...

Como sempre distingues-te também nas escolhas.
Beijinhos, Ana

12:49 da manhã  
Anonymous everaldo chaves said...

nem sei se posso... mas vou colocar o texto no meu blog com as devidas referências, claro... isso também é um pedido de autorização, mas de tanto gostar do texto já vou postar... se não me for concedido, ficarei triste, mas retirarei a postagem. Parabéns. Linda poesia.

1:25 da tarde  

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