Ver-te
Ver-te é como ter à minha frente todo o tempo
é tudo serem para mim estradas largas
estradas onde passa o sol poente
é o tempo parar e eu próprio duvidar mas sem pensar
se o tempo existe se existiu alguma vez
e nem mesmo meço a devastação do meu passado.
Quando te vejo e embora exista o vento
nenhuma folha nas múltiplas àrvores se move
ver-te é logo todas as coisas começarem é
tudo ser desde sempre anterior a tudo.
Ver-te é sem tu me veres eu sentir-me visto
sentir no meu andar alguma segurança mínima
caminhar pelo ar a meio metro da terra
e tudo flutuar e ser ainda mais aéreo do que o ar
ver-te é nem mesmo pensar que deixarei de ver-te
...
Ruy Belo
.
12 Comments:
Depois de passear contigo por Moçambique é bom chegar aqui e ler Ruy Belo... e ver este pôr de sol...
Bom domingo
Beijinho
«ver-te» parece ser renascer, para um espaço-tempo onde tudo é novo e possível outra vez...
Minha Doce Ana
Comprei há poucos dias as obras completas de Ruy Belo da Assírio e Alvim. Fiquei deliciada! E agora confirmo, mais uma vez, que gosto do que tu gostas. Poesia! Ambas nos sentimos bem a ler a vida olhada de outra forma. Mas bem olhada,também!
"Ver-te é como ter à minha frente todo o tempo
é tudo serem para mim estradas largas..."
Tenho-te no coração, doce amiga. Solta-se um beijo para a encosta onde tanto gosto de passar.
e um abraço apertado!
Palavras rubras como o sol no firmamento.
Ana,
Nas tuas letras poéticas encontra-se uma felicidade inteira e sorriso...
(A)braços :)
Vim à procura da sua "casa" na Encosta do Mar e encontrei lindos poemas e belas fotografias desse mar que tanto nos fascina.
Voltarei mais vezes.
Obrigada pela sua visita.
Vim amanhecer no teu espaço!
Linda a fotografia e o poema de Ruy Belo. Jinhos
*
as plantas acenavam
ao vento de agosto,
nas suas hastes finas e verdes,
e disse-me a mais faladora
de todas, alta e trigueira:
dás-me dez anos da tua vida ?
eu só tinha cinco anos,
pus-me a contar pelos dedos,
vi que ia ficar com muito pouco,
- dou - disse eu, e ainda hoje, que nunca mais soube de mim, vou com o vento, balouçando.
e agosto é todo o ano para mim.
,
ruy belo-cadernos de poesia-1970-
*
xi
*
Quero agradecer a visita ao Mar de Sonhos e venho retribuir a mesma.
Adorei as fotos de mar e de praia que encontrei neste mundo.
Parabens
Oi Ana, estava com muita saudade da Encosta, gosto daqui, dos textos, das imagens, e sempre é como estar em paz. beijo e aos poucos irei retornando.
Como sempre distingues-te também nas escolhas.
Beijinhos, Ana
nem sei se posso... mas vou colocar o texto no meu blog com as devidas referências, claro... isso também é um pedido de autorização, mas de tanto gostar do texto já vou postar... se não me for concedido, ficarei triste, mas retirarei a postagem. Parabéns. Linda poesia.
Enviar um comentário
<< Home