Regresso
Um mundo que fica para trás. Rios, machambas, savanas, palmares, os grandes espaços, os largos horizontes, e uma árvore que crescia nos sonhos e chegava ao céu - que sabem eles disso, que podem eles compreender?
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Lugares onde se fala uma língua mestiçada, em que a gramática rebenta porque o pensamento acontece de outro modo e tem de ser livre de acontecer, que sabem eles disso, que sabem eles disso?
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Não desistas nunca, digo-lhe também. Não desistas nunca.
E é um ponto final numa conversa. Porque agora os caminhos se afastam. Depois de termos, desde sempre, partilhado quase tudo.
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À porta volto-me para trás e aceno. Mas não o vejo porque os meus olhos têm chuva e a noite desceu de repente. Como uma pálpebra caindo.
Teolinda Gersão
(in A árvore das palavras)
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Dizem que são 8000 quilómetros e, na realidade, tudo parece já muito distante.
No entanto, quando fecho os olhos todas as sensações reaparecem. Primeiro - o mar . A cor indefinida entre azul e verde, a música das ondas a desfazerem-se em espuma que chegava até aquele banco sobre o Índico. Praias criadas só para mim, de areia tão branca e água tépida.
Reaparece a cor dos poentes de fogo, o perfil dos coqueiros, o vermelho da terra.
Acima de tudo , volto a ver o teu sorriso azul, a liberdade que se reflecte no teu olhar, a determinação com que tranformas dificuldades em sucessos.
E o mar, sempre o mar!
Volto-me, então para trás e digo-te:
-Não desistas, Alex! Nunca deixes de fazer crescer essa árvore dos sonhos que atinge o céu!
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20 Comments:
Bom regresso com inspiradas palavras.
"Nunca", é demasiado tempo... e desistir pode ser um acto de sensatez e sabedoria.
Deixar um mundo para trás pode ser verdadeiramente libertador.
O que podem compreender? Tudo, assim o desejem e recorram aos métodos mais adequados.
Lugares, sejam eles quais forem, fale-se que língua se falar, têm direito a existir e a linguagem falada têm o direito a ser falada por aqueles que com ela se identificarem... sem sofrerem interferências de quem considera possuir um poder e um direito que não possui. As boas intenções são essenciais, mas não suficientes.
Por vezes são as próprias boas intenções que puxam o pano da noite e fazem a escuridão cair sobre as nossas cabeças.
É bom voltar para trás e acenar àquilo que já não serve mais.
As árvores de sonhos devem ser bem cuidadas... devemos procurar solo fértil que as cuide bem.
Mil beijinhos, querida amiga. Pelo texto, pelo mar, pelos sentires que por aqui perpassam.
Tinha tantas saudades.
Bem-hajas!
Menina...que inveja!!!
Quando te referes à minha terra...
fico mesmo...melancólica, com vontade de largar tudo e ir...
Convido-te a ver o meu último post com imagens do Farol do Bugio.
Sobre o poema...é isso, ultimamente tenho andado mais inspirada...porque será?
Um beijinho e forte abraço.
Sinto-me banhado pelas palavras que recusam a gramática para fazer explodir o sentimento destas memórias que nos aquecem nesses poentes qeu queimam a terra e incendeiam os sonhos. Bom regresso!
Ana!!!
Como gostava de ter visto pelos teus olhos!...
Aquela terra, particularmente aquela cidade tão linda, junto aquele mar inegualável, apesar de ter lá estado apenas 7 meses, jamais a esquecerei!!!
Ainda existe aquela espécie de foguetão naquela pracinha que já não recordo o nome? Era ali que todos nos juntavamos à noite para depois ir passear na Avenida principal e ir até ao fim do cais....
Ai... aquelas praias, onde caminhamos pelo mar dentro com os pés na areia dourada!
Um abraço Ana!!!
AL
quente e amplo com o coração...
bom regresso.
beijo,
mariah
Ola Ana!!:
Como foi por Mozambique??.
Beijinhosssss e toda a minha lembranza para a túa encosta.
:)
Ola Ana!!:
Como foi por Mozambique??.
Beijinhosssss e toda a minha lembranza para a túa encosta.
:)
Olá Ana
Bem vinda de volta, e que saudades também desse Moçambique onde passei pouco tempo, mas que achei um país apaixonante.
Beijos
Lindíssimo o teu texto. A fazer-me sonhar e pensar que um dia, quem sabe, talvez pegue num punhado daquela terra vermelha, quase sangue...
Saudades de passar por aqui, mas ainda a recuperar numa pausa necessária.
Beijinho, Ana
Que inspiradas palavras foste beber nessa África que permanece para sempre no coração de quem a pisa.
Entendo cada palavra, pois sou filha desse sentir.
Bem vinda a todos nós.
Beijo.
Que bonito!... obrigada pelo mimo deixado no meu cantinho. Beijinhos
entendo como se fosse a terra eu
depositada ainda
á espera
da
permanência
da dança
da
eternidade cálida
aveludada
do sempre,
beijo
~
O fechar de uma porta doí muito... *
Que belo cadeirão
para simplesmente olhar o mar!
Bjs
Que bonito texto parabens,
bom fim de semana bjs
Comovente, encontrar aqui um texto da Teolinda!
Da Teolinda que foi (muito efémera e muito fugazmente minha professora (há quanto tempo!) no ano em que ela começou a leccionar (Alemão, em Letras) e que algum tempo depois, "reencontro" na escrita e, de novo, aqui-agora, num curiosíssmo blog que vou decididamente passar a "frequentar"!
Mas não apenas por isso!
Porque tem todo um acervo de textos e, de um modo mais subtil e abstracto, impressões que vale a pena explorar e ir saboreando devagar, ao sabor das nossas próprias emoções e estados de espírito.
Erráticos e livres, umas e outros, como convém!
UM MARINHEIRO OLHAR...
Leio-te fascinada. A tua escrita perpassada de sentires e o texto que escolheste de Teolinda Gersão deixam-me deliciada.
Bem-hajas!
Mil beijinhos
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