sexta-feira, agosto 21, 2009

Regresso



Um mundo que fica para trás. Rios, machambas, savanas, palmares, os grandes espaços, os largos horizontes, e uma árvore que crescia nos sonhos e chegava ao céu - que sabem eles disso, que podem eles compreender?
...
Lugares onde se fala uma língua mestiçada, em que a gramática rebenta porque o pensamento acontece de outro modo e tem de ser livre de acontecer, que sabem eles disso, que sabem eles disso?
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Não desistas nunca, digo-lhe também. Não desistas nunca.
E é um ponto final numa conversa. Porque agora os caminhos se afastam. Depois de termos, desde sempre, partilhado quase tudo.
...
À porta volto-me para trás e aceno. Mas não o vejo porque os meus olhos têm chuva e a noite desceu de repente. Como uma pálpebra caindo.




Teolinda Gersão
(in A árvore das palavras)
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Dizem que são 8000 quilómetros e, na realidade, tudo parece já muito distante.
No entanto, quando fecho os olhos todas as sensações reaparecem. Primeiro - o mar . A cor indefinida entre azul e verde, a música das ondas a desfazerem-se em espuma que chegava até aquele banco sobre o Índico. Praias criadas só para mim, de areia tão branca e água tépida.
Reaparece a cor dos poentes de fogo, o perfil dos coqueiros, o vermelho da terra.
Acima de tudo , volto a ver o teu sorriso azul, a liberdade que se reflecte no teu olhar, a determinação com que tranformas dificuldades em sucessos.
E o mar, sempre o mar!
Volto-me, então para trás e digo-te:
-Não desistas, Alex! Nunca deixes de fazer crescer essa árvore dos sonhos que atinge o céu!
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20 Comments:

Blogger hfm said...

Bom regresso com inspiradas palavras.

6:47 da tarde  
Blogger Porcelain said...

"Nunca", é demasiado tempo... e desistir pode ser um acto de sensatez e sabedoria.

Deixar um mundo para trás pode ser verdadeiramente libertador.

O que podem compreender? Tudo, assim o desejem e recorram aos métodos mais adequados.

Lugares, sejam eles quais forem, fale-se que língua se falar, têm direito a existir e a linguagem falada têm o direito a ser falada por aqueles que com ela se identificarem... sem sofrerem interferências de quem considera possuir um poder e um direito que não possui. As boas intenções são essenciais, mas não suficientes.

Por vezes são as próprias boas intenções que puxam o pano da noite e fazem a escuridão cair sobre as nossas cabeças.

É bom voltar para trás e acenar àquilo que já não serve mais.

As árvores de sonhos devem ser bem cuidadas... devemos procurar solo fértil que as cuide bem.

9:46 da tarde  
Blogger Mare Liberum said...

Mil beijinhos, querida amiga. Pelo texto, pelo mar, pelos sentires que por aqui perpassam.

Tinha tantas saudades.

Bem-hajas!

4:14 da tarde  
Blogger tulipa said...

Menina...que inveja!!!
Quando te referes à minha terra...
fico mesmo...melancólica, com vontade de largar tudo e ir...

Convido-te a ver o meu último post com imagens do Farol do Bugio.
Sobre o poema...é isso, ultimamente tenho andado mais inspirada...porque será?

Um beijinho e forte abraço.

10:53 da tarde  
Blogger PAS[Ç]SOS said...

Sinto-me banhado pelas palavras que recusam a gramática para fazer explodir o sentimento destas memórias que nos aquecem nesses poentes qeu queimam a terra e incendeiam os sonhos. Bom regresso!

11:44 da manhã  
Blogger A.S. said...

Ana!!!

Como gostava de ter visto pelos teus olhos!...
Aquela terra, particularmente aquela cidade tão linda, junto aquele mar inegualável, apesar de ter lá estado apenas 7 meses, jamais a esquecerei!!!

Ainda existe aquela espécie de foguetão naquela pracinha que já não recordo o nome? Era ali que todos nos juntavamos à noite para depois ir passear na Avenida principal e ir até ao fim do cais....

Ai... aquelas praias, onde caminhamos pelo mar dentro com os pés na areia dourada!


Um abraço Ana!!!

AL

6:11 da tarde  
Blogger M.A. said...

quente e amplo com o coração...


bom regresso.

beijo,

mariah

7:46 da tarde  
Blogger Marinha de Allegue said...

Ola Ana!!:
Como foi por Mozambique??.

Beijinhosssss e toda a minha lembranza para a túa encosta.
:)

9:08 da tarde  
Blogger Marinha de Allegue said...

Ola Ana!!:
Como foi por Mozambique??.

Beijinhosssss e toda a minha lembranza para a túa encosta.
:)

9:08 da tarde  
Blogger Platero said...

Olá Ana

Bem vinda de volta, e que saudades também desse Moçambique onde passei pouco tempo, mas que achei um país apaixonante.

Beijos

12:36 da manhã  
Blogger Maria said...

Lindíssimo o teu texto. A fazer-me sonhar e pensar que um dia, quem sabe, talvez pegue num punhado daquela terra vermelha, quase sangue...
Saudades de passar por aqui, mas ainda a recuperar numa pausa necessária.

Beijinho, Ana

1:00 da manhã  
Blogger Maré Viva said...

Que inspiradas palavras foste beber nessa África que permanece para sempre no coração de quem a pisa.
Entendo cada palavra, pois sou filha desse sentir.

Bem vinda a todos nós.
Beijo.

5:41 da tarde  
Anonymous Sónia Pessoa said...

Que bonito!... obrigada pelo mimo deixado no meu cantinho. Beijinhos

6:59 da tarde  
Blogger ~pi said...

entendo como se fosse a terra eu

depositada ainda

á espera

da

permanência

da dança

da

eternidade cálida

aveludada

do sempre,




beijo






~

11:06 da manhã  
Blogger Andreia said...

O fechar de uma porta doí muito... *

4:11 da tarde  
Blogger vieira calado said...

Que belo cadeirão

para simplesmente olhar o mar!

Bjs

1:40 da manhã  
Blogger Naty said...

Que bonito texto parabens,
bom fim de semana bjs

5:34 da manhã  
Blogger Carlos Machado Acabado said...

Comovente, encontrar aqui um texto da Teolinda!
Da Teolinda que foi (muito efémera e muito fugazmente minha professora (há quanto tempo!) no ano em que ela começou a leccionar (Alemão, em Letras) e que algum tempo depois, "reencontro" na escrita e, de novo, aqui-agora, num curiosíssmo blog que vou decididamente passar a "frequentar"!
Mas não apenas por isso!
Porque tem todo um acervo de textos e, de um modo mais subtil e abstracto, impressões que vale a pena explorar e ir saboreando devagar, ao sabor das nossas próprias emoções e estados de espírito.

Erráticos e livres, umas e outros, como convém!

9:07 da manhã  
Blogger Memória de Elefante said...

UM MARINHEIRO OLHAR...

12:00 da manhã  
Blogger Mare Liberum said...

Leio-te fascinada. A tua escrita perpassada de sentires e o texto que escolheste de Teolinda Gersão deixam-me deliciada.

Bem-hajas!

Mil beijinhos

4:11 da tarde  

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