sexta-feira, setembro 04, 2009

Por alguns dias

Foto retirada da net



Se conseguirmos, ao acordar,
Desejar que a noite não tivesse acontecido

E sair da cama no primeiro impulso
Ignorando o sussurro do sangue e a fermentação

Do jantar da véspera,
Desistindo de prever ou conjurar alternativas,

Então sem vergonha poderemos
Retomar o embaraçoso hábito de viver

- por alguns dias



José Alberto Oliveira
(in Por Alguns Dias)


.

13 Comments:

Blogger Nuno G. said...

adorei passar por aqui...

(www.minha-gaveta.blogspot.com)

10:40 da tarde  
Blogger Mare Liberum said...

E a vida passa tão rapidamente. Urge "retomar o embaraçoso hábito de viver" ainda que "por alguns dias".

Beijinhos

Bem-hajas!

10:41 da tarde  
Blogger Carlos Machado Acabado said...

Muuuuito depressivo, não?...
Por instantes, lendo textos como este, tem-se a estranhíssima impressão de regressar a um Portugal baço, completamente bloqueado e sem saída que foi o que vigorou até Abril de 1974...

...Um Portugal cujo principal atributo era ter estradas que conduziam às respectivas fronteiras...

Porque cá dentro abafava-se, sufocava-se, ia-se morrendo devagarinho, aos poucos, ideia a ideia, projecto a projecto, esperança a esperança...

Depois, houve uma janela (que desgraçadamente voltámos a fechar sem praticamente olhar para fora...) e agora.. trinta e poucos anos volvidos... "isto"!

Como perguntam certos Pais incapazes de perceber por que falharam na educação dos filhos apenas ocorre perguntar: "God! Where did we go wrong"??!!
Where-EVER indeed, Oh, Lord??!!

Saudações cordiais à anfitriã!

9:47 da manhã  
Blogger Branca said...

Muito bem construído, mas realmente um bocadinho depressivo.
O viver no verdadeiro sentido da vida não pode ser hábito, nem embaraçoso.
Viver será aliás tudo o que ultrapassa o "hábito de viver" e conseguimos fazer nos intervalos da vida comezinha, o que gostamos e sentimos intensamente e nos dá tanto prazer, não o prazer do aturdimento porque esse também não é vida, mas o prazer que nos vem dos impulsos mais profundos da alma, aquele que nos leva ao encontro de nós mesmos e que temos a obrigação de procurar a todo o momento, porque temos a obrigação de sermos felizes...
De qualquer forma a poesia não se comenta pelo conteúdo em si, a alma, o sentir que está lá e que tem sempre a beleza da criação do momento, essa beleza existe aqui numa forma que o autor encontrou para nos trazer a mensagem do seu desassossego.
Beijinhos para ti.
Branca
Beijinhos.
Branca

3:11 da tarde  
Blogger Ana Echabe said...

Bom dia!

Ainda que seja dor sentida
de um momento vivido
damos licença poética
para alma de artista
que caminha sempre sobre o fio tênue
da vida e morte
pois na vida tudo tem um fim
e tudo pode começar de novo,
novo.

Abraços e um bom final de semana a vc Ana

4:09 da tarde  
Blogger Maré Viva said...

Viver é infelizmente um hábito, uma rotina, bom seria que conseguissemos viver cada novo dia com uma esperança renovada, como algo que sabemos que nunca mais se repetirá e que portanto deve ser usufruido em toda a sua plenitude.
Bom seria...

Um beijinho amigo.

7:01 da tarde  
Blogger vieira calado said...

Um beijinho.

Gostei do poema.

1:23 da manhã  
Blogger tulipa said...

QUERIDA AMIGA

venho desafiar-te a espreitar os meus blogues;
num deles há um "Enigma" para decifrar e no outro "Momentos Perfeitos" da viagem de cruzeiro.

Beijos.

2:12 da manhã  
Blogger Maria said...

Ou pelos dias que ainda nos sobram - e são tantos...
:))

Beijinho, Ana

3:11 da tarde  
Blogger . intemporal . said...

. por alguns dias .

. o conceito de um silêncio de dentro .

. "amei.de.amar"

. beijos mil, Ana .

12:30 da tarde  
Blogger poetaeusou . . . said...

*
como é bom,
aqui vir,
todos os dias . . .
,
conchinhas coloridas,
,
*

12:47 da tarde  
Blogger © Maria Manuel said...

conseguir despertar a vontade de viver a cada dia que se inicia (o que, às vezes, é difícil).

beijos. gostei do poema.

8:56 da tarde  
Blogger Spiritual said...

:D Que forma interessante de colocar as coisas... mas ainda bem que a noite aconteceu... permitiu-nos descansar, nem que seja apenas por ser diferente do dia; é tão boa e tão rara a sensação de pular da cama para fora com vontade de viver o dia... mas aconteceu-me tantas vezes quando era criança... que não consigo ter sossego enquanto não reencontrar esses momentos e os multiplicar; e os tornar uma constante...

É por essas e por outras que não janto... ou, pelo menos, aquilo que como à noite tem de ser algo que me alimente e mate a fome, porém, me faça sentir não ter comido nada... :)

8:22 da tarde  

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