quinta-feira, outubro 29, 2009
sexta-feira, outubro 23, 2009
Interrogação
Foto de Sistermoon
Não sei se isto é amor. Procuro o teu olhar,
Se alguma dor me fere, em busca de um abrigo;
E apesar disso, crê! nunca pensei num lar
Onde fosses feliz , e eu feliz contigo.
Por ti nunca chorei nenhum ideal desfeito,
E nunca te escrevi nenhuns versos românticos,
Nem depois de acordar te procurei no leito
Como a esposa sensual do " Cântico dos Cânticos".
Se é amar-te não sei. Não sei se te idealizo,
A tua cor sadia, o teu sorriso terno...
Mas sinto-me sorrir de ver esse sorriso
Que me penetra bem, como este sol de inverno.
Passo contigo a tarde e sempre sem receio
Da luz crepuscular, que enerva, que provoca.
Eu não demoro o olhar na curva do teu seio
Nem me lembrei jamais de te beijar na boca.
Eu não sei se é amor. Será talvez começo .
Eu não sei que mudança a minha alma pressente.
Amor não sei se o é, mas sei que te estremeço,
Que adoecia talvez de te saber doente...
Camilo Pessanha
(in Clepsydra)
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Não sei se isto é amor. Procuro o teu olhar,
Se alguma dor me fere, em busca de um abrigo;
E apesar disso, crê! nunca pensei num lar
Onde fosses feliz , e eu feliz contigo.
Por ti nunca chorei nenhum ideal desfeito,
E nunca te escrevi nenhuns versos românticos,
Nem depois de acordar te procurei no leito
Como a esposa sensual do " Cântico dos Cânticos".
Se é amar-te não sei. Não sei se te idealizo,
A tua cor sadia, o teu sorriso terno...
Mas sinto-me sorrir de ver esse sorriso
Que me penetra bem, como este sol de inverno.
Passo contigo a tarde e sempre sem receio
Da luz crepuscular, que enerva, que provoca.
Eu não demoro o olhar na curva do teu seio
Nem me lembrei jamais de te beijar na boca.
Eu não sei se é amor. Será talvez começo .
Eu não sei que mudança a minha alma pressente.
Amor não sei se o é, mas sei que te estremeço,
Que adoecia talvez de te saber doente...
Camilo Pessanha
(in Clepsydra)
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domingo, outubro 18, 2009
A meu favor
Foto de Sophie Thouvenin
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A meu favor
Tenho o verde secreto dos teus olhos
Algumas palavras de ódio algumas palavras de amor
O tapete que vai partir para o infinito
Esta noite ou uma noite qualquer
A meu favor
As paredes que insultam devagar
Certo refúgio acima do murmúrio
Que da vida corrente teime em vir
O barco escondido pela folhagem
O jardim onde a aventura recomeça.
Alexandre O'Neill
(in Poesias Completas , 1951-1986)
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segunda-feira, outubro 12, 2009
Do amor
Foto daqui
Esta vista de mar, solitariamente,
dói-me. Apenas dois mares,
dois sóis, duas luas
me dariam riso e bálsamo.
Arte na natureza pede
o amor em dois olhares.
Fiama Hasse Pais Brandão
(in As Fábulas)
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Esta vista de mar, solitariamente,
dói-me. Apenas dois mares,
dois sóis, duas luas
me dariam riso e bálsamo.
Arte na natureza pede
o amor em dois olhares.
Fiama Hasse Pais Brandão
(in As Fábulas)
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terça-feira, outubro 06, 2009
Elegia em chamas
Foto de Diana Oliveira aqui
Arde no lar o fogo antigo
do amor irreparável
e de súbito surge-me o teu rosto
entre chamas e pranto, vulnerável:
Como se os sonhos outra vez morressem
no lume da lembrança
e fosse dos teus olhos sem esperança
que as minhas lágrimas corressem.
Carlos de Oliveira
(in Terra de Harmonia)
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