Domnei
Foto de autor desconhecido
Não hei-de conseguir falar contigo, é sempre
difícil. Uma imagem
cintila de repente e lá estou eu
nesse baile de máscaras - revi-o
mais de dez vezes. Foi tão bom
ficar preso a nenhumas esperanças, sentir
o vento muito frio.
Percorri os desertos, o inverno
era a estação preferida e sobretudo
a noite. Viajava
entre corpos e alma, esse mundo
parecia não ter fim; o seu limite
era como um segredo, um olhar
desafiando a morte enquanto esperava
por novas ilusões.
Um telefonema é fácil de fazer,
podemos encontrar-nos, conversar,
fingir que existe amor ou qualquer outra
invisível certeza, mas não há
lugar algum para fugir-me ainda,
ninguém nas ruas cada vez mais longas,
e mal vislumbro sob o azul da névoa
os fragmentos do meu coração.
Fernando Pinto do Amaral
8 Comments:
a imagem complementa maravilhosamente o texto. Bjs e :)
a imagem complementa maravilhosamente o texto. Bjs e :)
"Vislumbro sob o azul da névoa fragmentos do meu coração"
Ana,
Brutalmente lindo!Suave e dramático!
BJS!:)
Querida Ana
A fuga para a frente...
Um beijo
Daniel
Gosto sempre das tuas escolhas, mas esta tocou-me especialmente...
Um beijo imenso
O Amor tem caminhos belos, a Tristeza confusos...Uma bela escolha onde estes sentimentos se tocam. Um beijo.
Beijinho, AMIGA!
Nada mais sei dizer!
Heloisa.
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"Foi tão bom
ficar preso a nenhumas esperanças, sentir
o vento muito frio."
Por vezes é isso mesmo. Quase a dolorosa necessidade de acabar com a esperança. Mas não é que ela teima em alojar-se num qualquer cantinho?
Lindíssimo poema, Ana.
Beijinhos
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