quarta-feira, julho 06, 2005

Domnei


Foto de autor desconhecido



Não hei-de conseguir falar contigo, é sempre
difícil. Uma imagem
cintila de repente e lá estou eu
nesse baile de máscaras - revi-o
mais de dez vezes. Foi tão bom
ficar preso a nenhumas esperanças, sentir
o vento muito frio.

Percorri os desertos, o inverno
era a estação preferida e sobretudo
a noite. Viajava
entre corpos e alma, esse mundo
parecia não ter fim; o seu limite
era como um segredo, um olhar
desafiando a morte enquanto esperava
por novas ilusões.

Um telefonema é fácil de fazer,
podemos encontrar-nos, conversar,
fingir que existe amor ou qualquer outra
invisível certeza, mas não há
lugar algum para fugir-me ainda,
ninguém nas ruas cada vez mais longas,
e mal vislumbro sob o azul da névoa
os fragmentos do meu coração.


Fernando Pinto do Amaral

8 Comments:

Blogger Conceição Paulino said...

a imagem complementa maravilhosamente o texto. Bjs e :)

8:58 da manhã  
Blogger Conceição Paulino said...

a imagem complementa maravilhosamente o texto. Bjs e :)

8:58 da manhã  
Blogger Vênus said...

"Vislumbro sob o azul da névoa fragmentos do meu coração"

Ana,
Brutalmente lindo!Suave e dramático!
BJS!:)

1:08 da tarde  
Blogger Daniel Aladiah said...

Querida Ana
A fuga para a frente...
Um beijo
Daniel

1:11 da tarde  
Blogger Cris said...

Gosto sempre das tuas escolhas, mas esta tocou-me especialmente...

Um beijo imenso

5:02 da tarde  
Blogger Morfeu said...

O Amor tem caminhos belos, a Tristeza confusos...Uma bela escolha onde estes sentimentos se tocam. Um beijo.

11:03 da tarde  
Blogger Heloisa said...

Beijinho, AMIGA!
Nada mais sei dizer!
Heloisa.
*****************

11:04 da tarde  
Blogger lique said...

"Foi tão bom
ficar preso a nenhumas esperanças, sentir
o vento muito frio."

Por vezes é isso mesmo. Quase a dolorosa necessidade de acabar com a esperança. Mas não é que ela teima em alojar-se num qualquer cantinho?
Lindíssimo poema, Ana.
Beijinhos

11:29 da tarde  

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