terça-feira, junho 06, 2006

Baixo-relevo


Foto de João Tomás aqui



Dentro de um secular sossego
nós somos
a escultura de amanhã

(trilhos de formiga
descem no cabelo
patinado de pó o coração)

Tu e eu
só estátuas de amanhã
Não temos na mão a flor
um livro uma espingarda
uma cadeira gasta onde morrer
E sem o monstro gótico apunhalado aos pés

(Todos os sonhos são de pedra ou bronze
não os meus de palha ou papel)

Tu e eu
baixo-relevo
vendidos tocados expostos em vida
perseguidos pelos milionários
e pelos mortos talvez que invadiram já
o pedestal das estátuas

Tu e eu
elípticos de sexo
ontem gritada no teu peito
hoje secreto no meu ventre

deserdados da sombra
já sem gesto
escultura de amanhã



Luiza Neto Jorge

6 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Ana, palavras tão sábias, simples silhuetas na areia (gosto do "S"). Bjs

1:46 da tarde  
Blogger Alexandre de Sousa said...

Tenho o meu primeiro livro à venda no meu blog. Que tal uma visita?

5:35 da tarde  
Blogger Heloisa B.P said...

"Tu e eu
só estátuas de amanhã
Não temos na mão a flor
um livro uma espingarda
uma cadeira gasta onde morrer
E sem o monstro gótico apunhalado aos pés

(Todos os sonhos são de pedra ou bronze
não os meus de palha ou papel)

Tu e eu
baixo-relevo
vendidos tocados expostos em vida
perseguidos pelos milionários
e pelos mortos talvez que invadiram já
o pedestal das estátuas

Tu e eu
elípticos de sexo
ontem gritada no teu peito
hoje secreto no meu ventre

deserdados da sombra
já sem gesto
escultura de amanhã"
**********************
***************************BELO!
................................
MEU ABRACO E MEU CARINHO AQUI FICA!
Heloisa.
**********

6:33 da tarde  
Blogger Mónica Lice said...

Parabéns pelo blog!

Beijinhos.

4:09 da tarde  
Blogger Márcia Maia said...

ai, ando louca por um livro dela, mas aqui não tem, pode?
obrigada por mais este poema: mais um pra minha parca coleção. ;)

um beijo grande. daqui.

12:54 da manhã  
Blogger Sara Mota said...

Sempre tu e eu... :)

10:41 da manhã  

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