segunda-feira, novembro 20, 2006

Se partires, não me abraces


Foto de MiguelCosta


Se partires, não me abraces - a falésia que se encosta
uma vez ao ombro do mar quer ser barco para sempre
e sonha com viagens na pele salgada das ondas.

Quando me abraças, pulsa nas minhas veias a convulsão
das marés e uma canção desprende-se da espiral dos búzios;
mas o meu sorriso tem o tamanho do medo de te perder,
porque o ar que respiras junto de mim é como um vento
a corrigir a rota do navio. Se partires, não me abraces -

o teu perfume preso à minha roupa é um lento veneno
nos dias sem ninguém - longe de ti, o corpo não faz
senão enumerar as próprias feridas ( como a falésia conta
as embarcações perdidas nos gritos do mar) ; e o rosto
espia os espelhos à espera de que a dor desapareça.

Se me abraçares, não partas.



Maria do Rosário Pedreira

.

9 Comments:

Blogger Heloisa B.P said...

"o teu perfume preso à minha roupa é um lento veneno
nos dias sem ninguém - longe de ti, o corpo não faz
senão enumerar as próprias feridas ( como a falésia conta
as embarcações perdidas nos gritos do mar) ; e o rosto
espia os espelhos à espera de que a dor desapareça.


Se me abraçares, não partas"
*******************************BELISSIMO POEMA!
EXCELENTE POETISA*!
FOTO A CONDIZER!
E... TUDO*, escolhas de Sua POETICA ALMA E IDETICA VISAO, E SENSIVEL CORACAO!
GRATISSIMA, por SUA PRESENCA no "Heloisa"!
Obrigada no que se refere ao MEU BOM AMIGO_SUAVOZ (BELISSIMA)_!!!!!!
eu, aindaa estou SORRINDO* a lenbranca de *ONTEM*!!!_GRATA_!
ABRACA-A SUA AMIGA,
Heloisa
***********

9:05 da tarde  
Blogger DE-PROPOSITO said...

Se partires não me abraces. Acontece muitas vezes a partida sem um abraço, e o inacreditável é que poucos temos a noção de que isso nos pode acontecer. Entretanto ávidos de um não sei quê, fazemos fila para registar um boletim, que muitos crêem poder ser a sua felicidade, sem se aperceberem que a hipótese de partirem sem abraçar, é muito maior do que a outra.
Fica bem.
Um beijinho para ti.
Manuel

9:30 da tarde  
Blogger Maria Romeiras said...

Descobri este blog à procura de um poema de Ruy Belo. Visitei-o, gostei muito das escolhas. Fantástico.

1:12 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Parto. Porque a corrente dos teus braços queima os meus olhos. E como ver nos meus o azul dos teus?

Gostei muito das palavras.
bjs

12:10 da tarde  
Blogger Amaral said...

Mais um poema escolhido para tocar a sensibilidade de quem "se atreve" a lê-lo.
Tem aquele perfume do mar e um ventinho acolhedor no abraço de quem fica...

12:46 da tarde  
Blogger Maria said...

Só consigo dizer, com 2 lágrimas nos olhos: que bonito!
Um beijo

4:21 da manhã  
Blogger INFORMANIACA said...

Obrigada pelo elogio do prefácio do livro do Albino.

Laura Costa

4:03 da tarde  
Blogger Kalinka said...

ANA
Obrigado por teres ido visitar a Mónica...gostei de ver.

Realmente, nunca me lembrei disto...mas tá muito bem pensado:
Se partires, não me abraces...
ou então:
Se me abraçares, não partas.

Ah...depois de termos conversado, imagina como estas palavras me martelam na cabeça...(só tu entendes)!
Gosto de ti.
Beijo.

11:54 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

... ai!!!

12:36 da manhã  

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