Natureza viva
Foto de Paolo Giudici
(www.onexposure.net)
Gosto de sentir a natureza e fingir
que não lhe pertenço.
A mão gigante do vento vai sacudindo o carro
contra o mar
com grandes chapadas brancas.
Não é o mundo que tenho na cabeça
as gotas de água que embaciam o vidro
e o véu da chuva o da noiva submissa.
As palavras não querem ser irmãs das ondas
e o meu silêncio não é filho
desta tempestade.
Mas como é belo
que tudo viva na luta de viver.
A fúria da maré no espelho do meu rosto
como um poema de Pedro Homem de Mello.
O som mais natural
dá-me a nitidez dos choros suicidas
e transporta no tempo
esse luxo dos homens que se chama
esperança.
No céu baila e divaga mais uma gaivota.
No chão perto do mar
outro baile circunda o coração.
Mas nunca saberei como se dança.
Armando Silva Carvalho
(in Lisboas)
.
12 Comments:
Uma imagem lindíssima! O azul do céu e o azul do mar ligados por uma névoa que anuncia tempestade. Ou talvez não.
"Mas como é belo
que tudo viva na luta de viver."
Esta luta incessante faz parte da vida. Umas vezes bela outras nem tanto.
Beijinhos mil, amiga Ana!
Bem-hajas!
Um poema de Homem de Mello cavalga qualquer maré...
A dança duma gaivota, essa, é bem difícil de imitar... Duvido que alguém consiga acompanhar a dança duma gaivota... E o som das marés, o chapinhar duma onda?...
É bela a luta de viver!...
belo poema sobre a relação entre o homem e a natureza.
beijo, Ana.
Querida Ana
Uma poesia linda de conteúdo, quanto pequenos somos no meio duma tormenta...
Um beijo
Daniel
A fotografia é lindíssima, vê-se a chuva cair ao longe...
Por mim não me importava que as minhas palavras fossem irmãs das ondas... e o meu silêncio é filho
desta tempestade...
Beijinhos, Ana
Belos, poema e imagem.
As tormentas da natureza e as dos homens.
O mar e a dança das gaivotas.
A esperança... luxo na luta de viver...
Beijo carinhoso,Ana.
Olá Ana; obrigada Amiga pelas palavras. Muito belo este Poema de desesperança; muito belo mesmo.
Beijos
Maria Mamede
Olá Ana,
Um belo poema que nos acorda para a realidade tantas vezes esquecida!
Conforta-nos saber que depois da tempestade virá sempre a bonança...
Um abraço
É tão estranhos lembrar dos voos didtantes e que não voamos.
Cadinho RoCo
Linda partilha...adorei. Obrigada
Jinhos
lindo poema para uma linda foto
beijos
Mudei os meus mais profundos desejos
Vi reflectida em ti a ternura
Não há derrota no sonho
Não há revolta, apenas brandura
O julgamento dos teus fracassos
É feito numa lagoa sem azul
Um milhafre lança um pio de raiva
Que atinge o branco das casas do sul
Boa semana
Mágico beijo
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