sexta-feira, julho 16, 2010

Nem sempre sou igual ao que digo e escrevo

Foto de Stefan Michalski



Nem sempre sou igual ao que digo e escrevo.
Mudo, mas não mudo muito.
A cor das flores não é a mesma ao sol
De que quando uma nuvem passa
Ou quando entra a noite
E as flores são cor da sombra.

Mas quem olha bem vê que são as mesmas flores.
Por isso quando pareço não concordar comigo,
Reparem bem em mim:
Se estava virado para a direita,
Voltei-me agora para a esquerda,
Mas sou sempre eu, assente sobre os mesmos pés -
O mesmo sempre, graças ao céu e à terra
E aos meus olhos e ouvidos atentos
E à minha clara simplicidade de alma ...




Alberto Caeiro
(in O Guardador de Rebanhos)


.

9 Comments:

Blogger Maria said...

Lembraste-me que há anos não pego num livro deste senhor... para o ler, claro.
Acho que é o que vou fazer neste fim-de-semana, no oeste.

Beijinho, Ana.

1:44 da manhã  
Blogger poetaeusou . . . said...

*
uma bela opção,
sentido Pessoa !
,
conchinhas,
,
*

12:08 da tarde  
Blogger hfm said...

Da sabedoria.

12:13 da tarde  
Blogger tulipa said...

AMIGA

Imagino que estejas numa zona bem fresquinha...acredita, como eu adoraria estar aí contigo, passar um sábado contigo dar-me-ia uma grande alegria, sinto a necessidade de um lugar assim calmo e muito zen na tua companhia.

Mas, mesmo assim, se puderes vem refrescar-te com as minhas imagens do rio Sado, nos Momentos Perfeitos.
Vê o hospital onde estive internada

Beijos.

3:56 da tarde  
Blogger AC said...

É sempre um prazer ler Caeiro.

Bom fim-de-semana!

6:47 da tarde  
Blogger voou de águia said...

Mudamos a posição mas não mudamos os sentimentos. bom fds e bjos.

4:22 da manhã  
Blogger A.S. said...

Querida Ana...

Na tua Encosta será sempre tu, assente sobre os mesmos pés... o mesmo sempre, onde cada dia é uma breve metáfora de um poema!


Beijos...
AL

2:54 da tarde  
Blogger © Maria Manuel said...

Alberto Caeiro e a sua eterna simplicidade e espanto perante a natureza, vendo-a tal como ela se lhe apresenta no momento imediato, com as suas cores, os seus reflexos,...

beijo, Ana

3:42 da tarde  
Blogger tecas said...

Alberto Caeiro e Álvaro de Campos,são os que mais gosto de ler dos heterónimos de Fernando Pessoa.
Conheço este poema e penso que nele está um pouco de todos aqueles que escrevem...
Bjito querida Ana, onde quer que estejas...que estejas bem.

4:03 da tarde  

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