sábado, junho 05, 2010

Eu não procuro nada em ti

Foto de Dave Nitsche aqui



Eu não procuro nada em ti,
nem a mim próprio, é algo em ti
que procura algo em ti
no labirinto dos meus pensamentos.

Eu estou entre ti e ti,
a minha vida, os meus sentidos
(principalmente os meus sentidos)
toldam de sombras o teu rosto.

O meu rosto não reflecte a tua imagem,
o meu silêncio não te deixa falar,
o meu corpo não deixa que se juntem
as partes dispersas de ti em mim.

Eu sou talvez
aquele que procuras,
e as minhas dúvidas a tua voz
chamando do fundo do meu coração.



Manuel António Pina


.

14 Comments:

Blogger Silenciosamente ouvindo... said...

Gosto muito da Ericeira.
Gostei de estar aqui no seu blogue,
da sua poesia.
Saudações bloguistas.Irene

9:10 da manhã  
Blogger PAS[Ç]SOS said...

E quando em mim te encontras, chego a esse lugar que em mim deixaste para contigo te preencher...

11:29 da manhã  
Blogger Branca said...

Olá querida Ana,

Sempre escolhas para uma boa e profunda reflexão!
Sempre boa poesia a que nos trazes para que os momentos aqui sejam proveitosos e lindos.

Beijinhos
Branca

4:11 da tarde  
Blogger poetaeusou . . . said...

*
Amiga
,
procuro-me,
mas, não me encontro,
,
conchinnhas mareantes,
ficam,
,
*

5:43 da tarde  
Blogger Lmatta said...

lindo conjunto
beijos

6:17 da tarde  
Blogger hfm said...

Encantatório como este nosso mar!

9:14 da tarde  
Blogger Maria said...

Apenas imagino, não vejo para além do teu corpo...

Um beijo, Ana.

11:48 da tarde  
Blogger Graça said...

Gosto muito destas tuas escolhas poéticas... [adoro boa poesia].


Um beijinho e bom domingo.

[obrigada :)]

12:55 da manhã  
Blogger musicaquatica said...

Eu sou talvez
aquele que procuras,
e as minhas dúvidas a tua voz
chamando do fundo do meu coração.

Penso que com estas palavras, nada mais há a comentar, não tão pouco a acrescer à ilustração que as antecede.

Obrigada uma vez mais,

Isabel

9:33 da tarde  
Blogger © Maria Manuel said...

buscar no outro um reflexo ou um complemento de nós próprios não tem sentido de ser, tenta dizer o poeta.

gostei de ler, beijo Ana.

11:44 da tarde  
Blogger tecas said...

Boa noite Ana:)
Apesar de conhecer este poema do Manuel A. Pina, é sempre um prazer reler. Bom gosto nas escolhas, querida.
Uma boa semana
Bijnho amigo

12:58 da manhã  
Blogger AC said...

Mergulho em ti/mim, a tentativa de separação das águas, a definição do rumo...
Excelente escolha, Ana!

8:58 da manhã  
Blogger Daniel Aladiah said...

Querida Ana
E todos nos projectamos nos outros, e eles em nós, qual mural de peças múltiplas de diferentes materiais, construindo a amálgama de que somos feitos.
Um beijo
Daniel

8:11 da tarde  
Blogger Lídia Borges said...

Não procurar nada no outro e no entanto o estar "entre" indefinido que define o desejo de unidade.

Saudações

11:41 da tarde  

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