quinta-feira, junho 17, 2010

Difícil poema de amor

Foto de Dariusz Klimczak




Separo-me de ti nos solstícios de verão, diante da mesa do juiz supremo dos amantes.

(...)

Virás quando houver uma fala indestrutível devolvida à boca dos mais vivos. Então virás vivo também. Sempre esperei ver-te ressuscitado. Desiludiste-me.

(...)

Calo-me.
Reparei de repente que não estavas aqui. Pus-me a falar a falar. Coisas de mulher desabitada.

(...)

É a altura de escrever sobre a espera. A espera tem unhas de fome, bico calado, pernas para que as quer. Senta-se de frente e de lado em qualquer assento. Descai com o sono a cabeça de animal exótico enquanto os olhos se fixam sobre a ponta do meu pé e principiam um movimento de rotação em volta de mim em volta de mim ... de ti.

Nunca te conheci - assim explico o teu desaparecimento.

(...)



Luiza Neto Jorge
(in Poesia - Assírio & Alvim)

.

11 Comments:

Blogger PAS[Ç]SOS said...

O regresso vivo por quem se espera até que se entenda que, afinal, não era quem esperávamos, esse alguém por quem tanto esperámos!

4:13 da tarde  
Blogger Maria said...

......
"Virás quando houver uma fala indestrutível devolvida à boca dos mais vivos. Então virás vivo também. Sempre esperei ver-te ressuscitado. Desiludiste-me."
.........

Um beijo, com saudades.

7:09 da tarde  
Blogger Lmatta said...

belo conjunto
beijos

7:23 da tarde  
Blogger poetaeusou . . . said...

*
Calo - me,
perante a força,
da tua escolha !
,
marés de estima, deixo,
,
*

2:38 da tarde  
Blogger Graça said...

Magnífica, Luiza Neto Jorge! "É altura de escrever sobre a espera.", qualquer espera... e só uma poetisa o escreveria assim. Tão verdade, tão real.

Adorei a tua escolha.

Beijo e bom fim de semana.

4:01 da tarde  
Blogger Cristina Fernandes said...

Uma excelente escolha, duma espera esperada!
Um beijo
Chris

7:20 da tarde  
Blogger ► JOTA ENE ◄ said...

ººº
Poemas de amor, quem não os tem, rs

1:57 da tarde  
Blogger hfm said...

Um poema de encantar mesmo se de um certo desencato.

9:05 da manhã  
Blogger musicaquatica said...

A espera, talvez o lugar inabitado de quem procura e escreve o intangível. Não será esse o lugar de todos os que amam?

Isabel :)

3:47 da tarde  
Blogger Ana Echabe said...

O difícil poema de amor, se não fosse necessário, ficar na frase em que diz:

“Nunca te conheci - assim explico o teu desaparecimento.”

Um abismo entre o que pensávamos haver entre dois, no entanto a criação era de um, só.

Olha vc sempre tem belas escolhas, que me encantam, estive por aqui 3x pra só agora poder então escrever.
Bjinhos e uma boa semana em sol M pra vc Ana.

4:52 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Lindo poema!

Medito sobre este verso que a poetisa escreveu:

"Nunca te conheci - assim explico o teu desaparecimento".
...
Um beijo para ti, mANA,
Jo

2:19 da manhã  

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