quarta-feira, junho 29, 2011

Pretextos para fugir do real

The mask (René Magritte


A uma luz perigosa como água
De sonho e assalto
Subindo ao teu corpo real
Recordo-te
E és a mesma
Ternura quase impossível
De suportar
Por isso fecho os olhos
( O amor faz-me recuperar incessantemente o poder da
provocação. É assim que te faço arder triunfalmente
onde e quando quero. Basta-me fechar os olhos)
Por isso fecho os olhos
E convido a noite para a minha cama
Convido-a a tornar-se tocante
Familiar concreta
Como um corpo decifrado de mulher
E sob a forma desejada
A noite deita-se comigo
E é a tua ausência
Nua nos meus braços

              *

Experimento um grito
Contra o teu silêncio
Experimento um silêncio
Entro e saio
De mãos pálidas nos bolsos


Alexandre O'Neill
(in Poesias Completas)

.

5 Comments:

Blogger Isamar said...

Que bonita imagem e que excelente poema.É sempre assim O`Neill!
Mais uma escolha que revela a tua sensibilidade. A noite, a solidão, a saudade... e a imaginação.

Beijinhos

Bem-hajas!

10:03 da manhã  
Blogger tecas said...

A imagem de René Magritte, com o poema do Alexandre, fazem um belissimo casamento, querida Ana.
Louvo o seu bom gosto. Tem sentido requintado nas escolhas.
Aplauso.
Bjito e uma flor.

6:11 da tarde  
Blogger Eduardo Santos said...

Olá Ana. Não conhecia o seu espaço, mas aqui aterrei e em boa hora. Verifiquei o cuidado na escolha dos autores, o bom gosto sobressai, não duvido. Este de
Alexandre O'Neill é excelente. Espero ter oportunidade de voltar, um até breve. Obrigado

11:26 da tarde  
Blogger Um brasileiro said...

oi. estive por aqui dando um aolhada. muito legal. gostei. apareça por la. abraços.

6:26 da tarde  
Blogger DE-PROPOSITO said...

Por isso fecho os olhos
----
E consegue-se ver tanta coisa.
-------
Felicidades
Manuel

1:37 da tarde  

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