segunda-feira, março 23, 2009

A casa onde às vezes regresso é tão distante


Foto de Dave Nitsche
(www.onexposure.net)



A casa onde às vezes regresso é tão distante
da que deixei pela manhã
no mundo
a água tomou o lugar de tudo
reúno baldes, estes vasos guardados
mas chove sem parar há muitos anos

Durmo no mar, durmo ao lado de meu pai
uma viagem se deu
entre as mãos e o furor
uma viagem se deu: a noite abate-se fechada
sobre o corpo

Tivesse ainda tempo e entregava-te
o coração




José Tolentino Mendonça
(in A que distância deixaste o coração )


.

13 Comments:

Blogger Maria said...

Belo!
Às vezes nem nos damos conta de como corre o tempo...

Um beijo

9:55 da tarde  
Blogger Ana Echabe said...

É bom falarmos sempre o quanto amamos, ou o quanto somos felizes por termos a companhia de quem amamos. Ainda assim, sempre que nos despedimos fica uma estranha sensação de que poderiamos ter dito mais. A distancia,por vezes é um sem endereço.
É lindo e toca profundamente.

Bjs

10:53 da tarde  
Blogger Mare Liberum said...

Um poeta conhecido e um dos seus bonitos poemas. Um sujeito poético desanimado mas que, segundo me parece, ainda estaria estaria disposto a entregar o coração àquele (a) que ama.
Mas o tempo passa tão depressa!

Beijinhos

Bem-hajas por me teres trazido o mar. Mais uma vez!

5:54 da manhã  
Blogger hfm said...

Como eu gosto deste poema.
Já regressei e em breve, depois de tudo arrumado, falarei da viagem do que escrevi e desenhei. É bom voltar a esta casa.

11:18 da manhã  
Blogger M.A. said...

simplesmente "a metáfora do coração"

mágico e fundo1

Beijo

mariah

1:48 da tarde  
Blogger Amaral said...

A poesia desperta sorrisos e chama o bem-estar...
Como esta que adormece o tempo e olha para trás, para onde a chuva não pára, para onde a noite se abate... já sem tempo...

6:59 da tarde  
Blogger Marinha de Allegue said...

Ana a poesía fai rexurdir igual que o salitre do mar...

Beijos para ti e saudades da túa costa.
:)

1:20 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Deixo que a água me procure
Sentado junto da praia
Rebentam ondas à minha frente
E beijos de sal na minha cara

Escolha espectacular. Poema e imagem.

3:50 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

deixo que a água me procure
sentado junto da praia
rebentam ondas à minha frente
e beijos de sal na minha cara

Poema e fotografia excelente.

3:52 da tarde  
Blogger poetaeusou . . . said...

*
belo post, ana,
,
um grande
poeta madeirense,
,
Ouve o que diz a mulher vestida de sol
quando caminha no cimo das árvores
«a que distância deixaste o coração?»
,
In- Tolentino Mendonça
,
Solarengas conchinhas,
,
*

6:30 da tarde  
Blogger A.S. said...

Ana,

A imensidão do mar, a profundidade das emoções, a palavra exacta na alma do poema!...

Um beijo...

6:40 da tarde  
Blogger lupuscanissignatus said...

do coração

do céu



[tombam

pérolas]

7:08 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

a casa....o tempo...a passagem dele....a vida é a casa. beijo, Ana.

3:02 da tarde  

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